Friday, July 06, 2007

NUVENS DE CONECTIVIDADE, FONEROS E REDES LIVRES

Escrevi a matéria abaixo no último número da revista A REDE (www.arede.inf.br).

Nuvens de conectividade, foneros e redes livres.
Uma comunidade internacional para compartilhar acessos sem-fio à internet
21 de junho de 2007

O espaço de transmissão das ondas de rádio é chamado de espectro radioelétrico. Ele é dividido em faixas de freqüência. No passado não muito distante, em quase todo o mundo, as forças armadas usavam a faixa de 2,4 GHz para realizar parte de sua comunicação. Como o uso militar do espectro caminhou para freqüências mais altas, e com a disseminação da comunicação por satélite, essa faixa foi destinada para a comunicação médica. No final, a faixa acabou sem ocupação regulamentada, ou seja, tornou-se aberta ou livre. Em 1996, a IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers), que possui aproximadamente 380 mil associados de 150 países, aprovou o protocolo de comunicação 802.11b, também conhecido como protocolo do Wi-Fi (Wireless Fidelity).

O protocolo 802.11b é um documento que diz como deve ser a transmissão de informações usando as ondas radioelétricas. Uma das definições do protocolo é que os transmissores de Wi-Fi deveriam utilizar a freqüência 2,4 GHz que estava aberta. Isto permitiu que explodisse o uso da conexão ou sem-fio. Aeroportos, cafés, supermercados, livrarias e bares passaram a fornecer acesso à internet a partir dos hotspots, zona de cobertura ou espaço onde o sinal de rádio conseguia conectar os computadores e palms. No hotspot, é instalada uma antena ligada a um roteador que, em geral, está conectado com uma rede de banda larga. Essa antena é o centro do access point ou ponto de acesso. O alcance do Wi-Fi é pequeno, cerca de 50 metros, a depender da antena, mas permite conectar diversos computadores simultaneamente. Vários dispositivos são compatíveis com o Wi-Fi, tais como os PDAs e os telefones celulares. Muitas pessoas em casa possuem roteadores de wireless, permitindo que elas acessem a internet de qualquer lugar da casa. Esse avanço da comunicação sem-fio, principalmente usando as faixas não-regulamentadas do espectro entre 2.4 GHz e 5 GHz, permitiu a formação de comunidades de compartilhamento de conexão. Como assim? Isso mesmo, muita gente está usando seus roteadores para irradiar os sinais de rádio para formar uma grande nuvem de conexão. Comunidades de conectividade aberta e outras mais restritas estão surgindo e proliferando-se por todo o planeta.

Uma dessas comunidades é a dos foneros. Criada na Espanha em 2005, pelo empresário Martín Varsavsky, a empresa FON quer formar uma comunidade Wi-Fi em todo o mundo. Os foneros compartilham seu sinal de wireless com os demais membros da comunidade. Quanto mais pessoas de uma cidade integrarem a comunidade fonera, mais o sinal de Wi-Fi vai se expandido até cobrir toda a região. Assim, um fonero poderá acessar a rede de qualquer área.

O que faz um fonero? Ele instala o La Fonera em sua casa. Na verdade, La Fonera é um roteador que segue os padrões 802.11b e 802.11g, parecido com o Linksys, muito usado no Brasil. Ele joga o sinal de banda larga, obtido pelo cabo que chega até as residências, no ar. Assim as residência converte-se em um Ponto de Acesso Wi-Fi. La Fonera é um roteador social que viabiliza a conexão compartilhada de acesso à rede. Os membros da comunidade acabam podendo usar seus laptops de todo lugar, desfrutando dos pontos de acesso dos demais foneros. La Fonera permite que a página de entrada naquele ponto de acesso seja personalizada. Além disso, cada ponto de acesso é indicado no mapa do site da comunidade. Desse modo, os foneros podem ver onde conseguem pegar o sinal.


Existem três tipos de membros da comunidade FON:

1) a maioria Linus, que compartilha gratuitamente o Wi-Fi de sua casa e, portanto, obterá também o acesso gratuito em qualquer outro ponto da comunidade fonera;

2) os Aliens, que não compartilham seu Wi-Fi e pagam 3 euros pelo uso diário da rede fonera;

3) os Bills, que preferem ganhar dinheiro obtendo 50% do que pagam os Aliens para acessar a rede da comunidade, através dos pontos de acesso FON. Os Bills não podem cobrar dos Linus.

Os foneros não estão sozinhos na construção de um mundo wireless comunitário. Existem inúmeras outras comunidades, tais como a RedLibre (www.redlibre.net/) e a FreeNetworks (www.freenetworks.org/). Existem roteadores livres como os OpenWRT e DD-WRT e guias que ensinam como embarcar em roteadores proprietários as versões livre. Um bom exemplo é o wiki OpenWRT: http://wiki.openwrt.org/ .

Na cidade de Guadalajara, na Espanha — certamente o país onde a implantação de redes compartilhadas e abertas de wireless avança rapidamente — existe a rede www.guadawireless.net. É uma rede dinâmica de conexão: se você está andando com o seu laptop e muda de ponto de acesso, o seu sinal não cairá. A comunidade de Guadalajara, muito influenciada pelos membros da comunidade Debian de software livre, deixa claro que seus objetivos são solidários e não-comerciais.

Antonio Ládron de Guevara, um dos teóricos da GuadaWireless, escreveu que “o que realmente interessa nesta ação é que existe muita gente disposta a organizar, de forma altruísta, redes de computadores que ofereçam serviços de telecomunicações para outras pessoas, sem que o usuário final tenha que pagar; além disso, querem que estas redes sejam cada vez mais expandidas. Amsterdam, New York, Alemanha... e atualmente Espanha. Já começam a surgir os primeiros nós dessas redes que, pouco a pouco, irão se ampliando e oferecendo serviços cada vez mais diversos.” O compartilhamento agora avança na infra-estrutura de telecomunicações.

3 comments:

Anonymous said...

Olá, Professor.

Sempre que dou uma googlada para pesquisa do tema redes para meu projeto de mestrado, acabo caindo por aqui :-)

Felizmente, acho que estudei com o cara certo na turma de Lato Sensu sobre Práticas Colaborativas!

Espero te encontrar novamente em breve.

Um abraço,
Luiza Caires.

Anonymous said...

SIM AQUI NO BRAZIL ISTO FICA IMPRATICAVEL POIS IMPORTAR LA FONERA E QUASE IMPOSSIVEL SO DE MUAMBA MESMO TRISTE ISTO ..

Anonymous said...

JA PEDI VIA CORREIO E CHEGOU AQUI E TERIA QUE PAGAR TAXAS

SAIRIA QUASE 1300 REAIS .. QUE PENA
AQUI REDE FON SO SE O INTERESSADO COMPRAR NA ESPANHA E COLOCAR NA MALA ...