Thursday, August 02, 2007

URGÊNCIA URGENTÍSSIMA: PRECISAMOS MONTAR O COMITÊ DE DEFESA DA LIBERDADE PARA A CULTURA E PARA O CONHECIMENTO.

Recebi vários e-mails indignados que relatavam a existência de um comitê estadual para doutrinar as crianças nas escolas estaduais paulistas a favor da visão hollywodiana de propriedade intelectual. A Câmara Americana de Comércio montou um projeto para doutrinação que é apresentado como combate à pirataria. A Secretaria Estadual de Educação acabou aceitando talvez por desconhecimento. Primeiro, observem o trecho de um relato publicado no jornal de debates sobre o projeto:


"...a AMCHAM – Câmera Americana de Comércio lançou no último dia 30 de janeiro o Projeto-Escola para combater a pirataria.

Basicamente, dito projeto tem a missão de transmitir conceitos básicos de Propriedade Intelectual às crianças entre 7 e 11 anos, valendo-se dos professores como mensageiros. Os conhecimentos obtidos pelas crianças deverão ser “devolvidos” por meio de redações, peças de teatro, histórias em quadrinho e etc.
Acreditamos que contaremos com o apoio dos professores, até porque estes profissionais sempre combateram a “cola”, e, certamente, não ficarão inertes a outros tipos de cópias.
O notável objetivo deste projeto é construir, desde já, o conceito de propriedade intelectual na consciência das crianças, e que, sobretudo, trata-se de uma propriedade, e como qualquer outra tal como uma bicicleta, uma boneca ou uma bola, prescinde de autorização do seu dono antes de ser utilizada.
Finalmente, este projeto obterá sucesso, se conseguir demonstrar às crianças que o peso de ouro da Propriedade Intelectual pode fazer o Brasil reluzir para o desenvolvimento."
(FONTE: www.jornaldedebates.ig.com.br/index.aspx?cnt_id=15&art_id=5935)


A Secretaria Estadual abrirá as escolas paulistas para que seja passado uma visão extremista sobre a propriedade intelectual. Tal como nas propagandas da MPAA e da RIAA, a cópia de arquivos serão intencionalmente confundidas com roubo de bens materiais. Além de deseducar, os doutrinadores de Hollywood omitirão das crianças a existência de uma gigantesca mobilização pela flexibilização da propriedade intelectual, contra os absurdos da proteção de uma obra por 95 anos após a morte do autor e, certamente, não tocarão na existência de movimentos como o creative commons.

Enquanto o Brasil luta nos fóruns internacionais para submeter a propriedade intelectual às necessidades do desenvolvimento, a Secretaria de Educação dá esta bola fora. Faz uma aliança com o lado obscuro da criação. O mais estranho é que isto acontece na gestão Serra. José Serra, quando Ministro da Saúde, foi um grande batalhador contra a visão extrema da propriedade sobre conhecimentos e idéias. Serra batalhou pela quebra de patentes para o combate da AIDS e enfrentou o poderoso lobby das indústrias farmacêuticas. Será que ele sabe desta doutrinação obscura nas escolas estaduais?

De qualquer forma, quero lembrar aqui o alerta dado pelo jurista Lawrence Lessig. Ele lembrou-nos que se a visão da indústria farmacêutica, da MPAA, das gravadoras prevalecer estaremos substituindo a cultura da liberdade pela cultura da permissão. É um novo totalitarismo qu querem impor para manter os fluxos de riqueza que estas indústrias construiram na época industrial. Grave. Criação exige liberdade. A inventividade depende de uma ampla base de cultura comum. O que os paladinos do exagero querem é destruir a idéia de domínio público e compartilhamento.

Bom, precisamos agir. Proponho montarmos um comitê em defesa da liberdade do conhecimento. Proponho pedirmos uma audiência ao governador José Serra e levarmos a reivindicação de termos acesso as escolas estaduais. Poderemos assim explicar a idéia de cultura livre, colaboração práticas P2P, creative commons e software livre.

O Pablo Ortellado, Jorge Machado, Guilherme Carboni, Alexandre Oliva e eu fizemos algumas reuniões para discutir a questão da liberdade cultural diante do enrijecimento da propriedade sobre idéias. Mas agora é hora de agir. Acho que podíamos nos articular contra este absurdo anti-educativo e desinformativo que estão promovendo para nossos professores e estudantes.

O que acham? Vamos criar o comitê? Quando e onde será a primeira reunião?

10 comments:

Anonymous said...

Ola Sergio

De uma olhada neste evento
Microsoft, Opensource e nteroperabilidade com OpenXml - Sucesu SP
http://www.sucesusp.org.br/mailing2007/seminarios/microsoft/microsoft.html

Saudações
Carlos

Jefferson Santos said...

Eu concordo totalmente com a criação do Comite.
Acho uma aberração isso, enquanto os pais ensinam seus filhos a compartilhar os briquedos e doces com os amigo esperando que eles se tornem pessoas de bem no futuro, vem os professores e dizem que não é assim, que até os pensamentos e idéias devem ser apenas deles.
E aquela comparação com a cola é no mínimo ridícula.
Moro em Curitiba, mas estou disposto em ajudar no que for necessário. Este comite deve nã só servir de defesa de nossos ideais, mas também instrumento de divulgação dos mesmo, afinal se a AMCHAM pode, pq nós não podemos?

Anonymous said...

Olá Sérgio,

Dada a importância do assunto, talvez fosse interessante montarmos uma página de referência sobre isso. Poderia ser, por exemplo, um Wiki, onde várias pessoas colaborariam. O que você acha?

Isso serviria para mobilizar pessoas em outros estados que não São Paulo, afinal de contas, "concientizações" como essa, acerca de direitos autorais provavelmente serão promovidas em outros estados também.

Coloco-me à disposição para ajudar no que for necessário.

Um abraço e até mais.

samadeu said...

Pessoal esta idéia do wiki que o Frderico deu é legal. Mas precisamos divulgar isto que está acontecendo na blogsfera e nas listas.
Vamos nessa.

João M. A. da Silva said...

Em uma análise nunca se deve ver um lado só, algo tem de positivo em uma esfera, por mais que ela ande e não tenha lados

Nerd Rabugento said...

Interessante.

Mas funcional? Hoje em dia as escolas brasileiras não conseguem nem ao menos ensinar corretamente o bê-a-ba para as crianças, acredito que não consigam nem criar uma metodologia para subliminar essa visão hollywoodiana, como vc escreveu.

Pensando num contexto maior, hoje em dia não se espalha no Brasil nem mesmo a educação simples, como deveria. Filhos são mal-educados, não respeitam ninguém, a sociedade ainda cria uma quantidade enorme de pequenos "Gérsons" (aquele da lei).

Não vejo como a Amcham poderia alcançar um número eficaz de crianças que adeririam ao projeto deles no futuro. Não mesmo, acho inócuo o movimento.

Já um Comitê criado segundo o que você propõe é mais efetivo. No fundo o que todos desejamos é a liberdade, é mais fácil a criança levar essa idéia para a adolescência que seguir a idéia deles, no fundo simplesmente em defesa da sociedade consumista.

Onde eu assino?

Uira Porã said...

Vamos responder na mesma medida...

Que criar comitê que nada, vamos criar uma religião!!!

...Ou melhor, vamos nos infiltrar numa religião, e fazer softwarelivre entrar em algum escrito sagrado.

Tem aquele pessoal da bola de neve, a igreja de surfistas, na rua turiassú, e eu conheço uns caras de um espaço ufo espiritualógico que comprou a idéia de cultura livre e está publicando um livro onlaine.

ReligiaoDigital.culturalivre.org

tá criado seu wiki!

bora começar a escrever a bíblia? quem quer ser pastor? quem quer ser jesus cristo?

Anonymous said...

Uira
Acho que uma religião não é legal, pois a cultura livre não tem nada a ver com a cultura dogmática. Religiões são conservadoras.
Porque vc não cria um grupo de pagode prá atacar os imbecis da RIAA e da MPAA?
Podia chamar "OS ADORADORES DA PROPRIEDADE INTELECTUAL".
Não é legal.

Anonymous said...

Olá Sérgio, meu nome é Norton Walter Zander, sou Cordenador de Cultura do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa,Acadêmico de História Licenciatura e gostaria de entrar em contato com vc sobre um possivel evento que gostariamos de fazer aqui na UEPG! se puder mandar um e-mail para: cultura@dceuepg.com

Uira Porã said...

Anonymous, meu caro, você tem razão.

Mas é que pra falar com tucanos tem que tucanar, né?

Se bem que não precisamos falar com eles, precisamos é conversar entre nós, dentro de casa com nossas crianças, explicar que não é assim que as coisas acontecem, que essa propriedade intelectual americanista é a errada, pois é segregadora e não preza pela colaboração.

educação vem do berço, dizia a minha avó.