Friday, February 23, 2007

Cásper Líbero irá iniciar pesquisa sobre o Lap Top de U$ 100.


Hoje, David Cavallo e eu, nos reunimos com o coordenador da pós-graduação da Cásper Líbero, Prof. Laan Mendes de Barros, para acertarmos a parceria da Cásper coma Fundação OLPC, visando a realização de pesquisas e experimentos sobre o projeto conhecido como Lap Top de 100 dólares. O Grupo de Pesquisa da Cásper Líbero de Comunicação, Tecnologia e Cultura da Rede, coordenado pelo Prof. Walter Lima e por mim, iniciará uma série de investigações e análises sobre novas interfaces, formas de comunicação e colaboração, tendo como foco o lap top proposto pelo prof. Nicholas Negroponte.

David Cavallo mostra Lap Top para coodenador da Pós da Cásper Líbero


Professor Laan, coordenador da pós-graduação da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero testou, hoje, o projeto do OLPC (One Lap Top per Child). David Cavallo trouxe o equipamento que está sendo aperfeiçoado por educadores e pela comunidade de Software Livre.

Thursday, February 15, 2007

BRUNO ROGENS BEZERRA DEFENDE DISSERTAÇÃO SOBRE A REVOLUÇÃO PRODUTIVA DO SOFTWARE LIVRE


Na foto: Alvaro, Bruno e eu.


No dia 13 de fevereiro, às 16 hora, na Universidade Federal do Maranhão, em São Luís, o jovem Bruno Rogens Ramos Bezerra defendeu a dissertação O NOVO PARADIGMA TECNOLÓGICO E SUAS IMPLICAÇÕES JURÍDICAS: A REVOLUÇÃO PRODUTIVA DO SOFTWARE LIVRE. Tive a grande oportunidade de integrar a banca de arguição do seu trabalho. Também participaram da banca o seu orientador Prof. Dr. Álvaro Roberto Pires e o Prof. Dr. Marcelo Domingos Sampaio Carneiro, ambos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

O trabalho de Bruno tratou um dos mais relevantes temas da fronteira tecnológica sobre a perspectiva social. Resgatou o pensamento crítico marxista para analisar as contradições do capitalismo no cenário informacional. Demonstrou que o marxismo é plenamente aplicável ao entendimento da atual realidade em transformação.

OUTRO ponto fundamental é que apesar de inserido no contexto marxista, a crítica de Bruno, supera o marxismo ortodoxo ou determinista quando trata do enquadramento teórico do fenômeno da produção compartilhada na rede mundial de computadores. Para isso, parte das idéias da corrente do marxismo analítico. Praticamente, Bruno indica-nos que nem todas as contradições são antagônicas (basta ver como grandes empresas, tais como IBM, SUN, NOKIA, utilizam também o modelo de tecnologias abertas) e que nem todo o antagonismo conduzirá necessariamente a uma transformação ou superação do capitalismo (Por exemplo, Eric Raymond é ultracapitalista).

O trabalho de Bruno enfrenta algumas grandes dificuldades quando vai tratar da contradição entre as novas forças produtivas, emanadas da prática P2P, e as relações de propriedade. Aí emerge o problema dos sujeitos históricos. Quem cria as contradições no sistema? As coisas? Não. O capital, já dizia Karl Marx, é uma relação social, por mais que se pareça com uma relação entre coisas (fetiche da mercadoria). Pois, então! Quem são as forças em contraposição? Os hackers seriam os novos agentes da mudança?

Vale a pena continuar essa linha de investigacão. Talvez Bruno continue no doutorado. Mas certamente terá que incluir no seu referncial teórico novos autores como Yochai Benkler, Lessig, bem como terá que aprofundar o debate proposto por Antonio Negri, de um lado, e André Gorz, de outro.

SÃO LUIS É DE FATO UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA HUMANIDADE


Esta é a minha foto tradicional.

SÃO LUIS É MAGNÉTICO


A história viva de S. Luis.

ESTA É UMA DAS MAIORES BATALHADORAS DO SOFTWARE LIVRE NO MARANHÃO



Claúdia Archer, a batalhadora.

SÃO LUIS É O MÁXIMO!


Nunca tinha ido a São Luís do Maranhão. Sua cultura fascina qualquer pessoa minimamente ligada a música e a dança. Seu centro ainda guarda os velhos casarões da época de opulência. Os azulejos portugueses são impressinantes. O cenário histórico do centro de S. Luís e a força de sua cultura local, do tambor de crioula (ou criola?), do reggae tipicamente maranhense, das mesas espalhadas pelas ruas, dos amontoados diante do mercado e das cachaçarias, fazem um universo fantástico e magnético.
Ainda volto para lá. Adorei.

Wednesday, February 07, 2007

BIENAL DA UNE: RIO, 30 de janeiro de 2007

Estive, no dia 30 de janeiro, na Bienal da UNE, realizada na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. De fato fazia 40 graus (pelo menos para mim). Apesar do dia lindo, dezenas de pessoas estavam lá na Fundição Progresso para discutirem a produção compartilhada e livre do conhecimento. Fantástico! Achei legal registrar no meu blog esse acontecimento. A Carla Santos, com apoio do Fabricio Solagna, escreveu uma matéria muito legal que foi publicado no site do PSL. Segue a matéria...


Bienal da UNE: Sérgio Amadeu ataca censura no mundo digital


Por Carla Santos Um Café Literário permeado por debates sobre questões de direito autoral, liberdade de informação, expressão e de conhecimento, convergindo para um elemento central muito em evidência nos últimos dias, principalmente no Brasil - as liberdades e restrições em uma sociedade do conhecimento, suas limitações lógicas ou impostas, caminhos e oportunidades.

Assim iniciou, na tarde de domingo (28/01), o Senid 2007 - Seminário Nacional de Inclusão Digital da UNE -, que acontece dentro da programação da 5ª Bienal de Cultura, Ciência e Arte da entidade estudantil. Às 13 horas, no calor das atividades que se multiplicavam dentro da Fundição Progresso, o cientista político Sérgio Amadeu - um dos coordenadores do projeto Rede Livre - abriu o seminário com a palestra "Da restrição do Pensamento a Liberdade do conhecimento: entendendo o debate da construção do mundo digital livre".

Amadeu abordou como os bens culturais e os bens simbólicos adquirem um valor dentro das redes informacionais e, através desta, tem uma capacidade intangível, diferente da produção industrial clássica. "Para reproduzirmos uma cadeira, podemos usar os mesmos materiais e utilizar métodos apurados para que em uma linha de produção elas sejam praticamente idênticas - mas cada uma terá sua materialidade e sua particularidade", disse.

"Nos meios digitais, a reprodução dos bens culturais (músicas, códigos, textos, fotos) é idêntica", não agrega custo e não exclui quem já o possui, ou seja, não é possível imaginar aplicarmos as mesmas regras da escassez para os bens culturais que circulam nos meios digitais."

Analista há muito tempo da questão da propriedade intelectual e das patentes no contexto da internet, Amadeu questiona a atual contradição na produção e reprodução da informação. "Vivemos em um tempo de disputa de dois padrões de desenvolvimento - o colaborativo e o restritivo". Nesse sentido, as grandes corporações, produtoras de software, gravadoras, editoras, reproduzem mecanismos jurídicos que criminalizam a cooperação e a disseminação do conhecimento.

Caminhos abertos para o conhecimento Porém, os caminhos que possibilitam que o conhecimento colaborativo e compartilhado gere cada vez mais conhecimento já pavimentam uma avenida. Em menos de 15 anos, o GNU/Linux - um sistema operacional livre - alcançou um nível de desenvolvimento que supera seu similar proprietário em inúmeras áreas. Segundo Amadeu, os dez sites mais acessados na internet (entre eles Yahoo, Google e Youtube) usam software livre para controlar seus servidores.

"Códigos abertos geram mais segurança, pois podem ser auditados, diferentemente do que ocorre com o software proprietário". Modelos fechados podem conter "robôs" que infringem a liberdade dos usuários. "E o mais engraçado", diz Amadeu "é que juridicamente qualquer invasão de privacidade é questionada ferozmente. Uma escuta telefônica não pode ser efetuada sem mandado judicial - mas porque essas ações não são questionadas?".

Se a rede informacional, a internet, é o meio que possibilita exponenciar o conhecimento ao infinito, da forma de produção intangível de bens, o seu alcance torna-se elemento de inclusão ou exclusão. De acordo com Sérgio Amadeu, "o que se observa dentro da estrutura de internet é que há também a reprodução de um modelo centralizador de informações e de acesso, hoje necessitamos de um provedor para que tenhamos acesso a uma informação de um computador que está ao nosso lado, pois a hierarquia da rede assim foi configurada."

Nada de técnico está envolvido nesse processo - são questões de padrões, definidos por conveniência ou imposição. "Por que não utilizarmos formas colaborativas na forma de conexão com as redes?". Nesse sentido, Amadeu apresentou o movimento OpenSpectrum e o conceito de Rede Mesh (rede malha), em que os computadores se tornariam máquinas de "telecomunicar".

Cada computador poderia ser uma estação de transmitir e retransmitir informações, dispensando provedores de acesso e ampliando a cobertura de acesso a internet. Para isso, poderia se utilizar a tecnologia Wi-Fi, com redes em fio, que dispensariam também a estrutura de cabos.

Da máquina de comunicar para a de telecomunicar Esse conceito, também introduzido nos modelos de laptops do projeto OLPC (One Laptop Per Child), idealizado por Nicolas Negroponte, estará sendo testado por algumas escolas brasileiras este ano. De fato, seria a verdadeira democratização do conhecimento, da comunicação e dos meios de produzir informação. Qualquer laptop poderia ser o protagonista de uma transmissão de vídeo, de áudio, sem ter que passar para qualquer filtro, ou restrição mercadológica.

Amadeu deixou claro que essa luta também é política - as vantagem de uma produção colaborativa dependem da vontade política e das possibilidades de assim se produzir. "Nada impede que continuemos vivendo em um mundo em que os velhos métodos de apropriação de capital e conhecimento continuem vigorando, mesmo que seja criminalizando usuários, direta ou indiretamente", afirma

O cientista político fez um apelo para que também haja um engajamento cada vez maior nesse sentido. "Se a disputa está dada, precisamos definir de qual lado estamos", opinou Amadeu, ressaltando o papel que a UNE pode exercer, enquanto mobilizadora dos estudantes, para que essas questões, tão pertinentes, não fiquem à margem das discussões.

Colaborou Fabricio Solagna