Saturday, September 27, 2008

FREEDOM STICK, TOR E A DEFESA DO ANONIMATO NA REDE


As Olimpíadas na China além das maravilhas do esporte e da cultura milenar alertaram o mundo para a realidade de um sistema político autoritário. Não são apenas os monges tibetanos que são reprimidos em suas manifestações de pensamento e religião, muitas etnias, minorias, grupos culturais e associações políticas são impedidos de divergir das autoridades centrais de Pequim. Não existe espaço para a discordância. Lá, o poder sempre está certo. A liberdade das pessoas diante do poder é extremamente limitada. Para apoiar os jornalistas que iriam cobrir as Olimpíadas e para permitir que os chineses pudessem se comunicar sem serem perseguidos é que o Chaos Computer Club, grupo alemão conhecido pela sigla CCC, criou um dispositivo chamado Freedom Stick.

Desde o início da internet, antes da existência dos microcomputadores, quando a rede ainda era um projeto da Agência de Pesquisas Avançadas (ARPA), alguns programadores talentosos influenciados pelos ideais libertários da contracultura norte-americana foram construindo uma comunidade de pessoas altamente capacitadas e fortemente ligadas pelos princípios de compartilhamento do conhecimento e solidariedade. Assim surgiu a comunidade dos hackers. Obviamente, a defesa intransigente da liberdade de criação tecnológica e de expressão não agradavam as grandes corporações. Com sua força econômica e política, estas empresas conseguiram que a maioria da imprensa utilizasse o termo 'hacker' como sinônimo de criminosos e invasores de máquinas. Mas, hackers não são crackers, que buscam obter benefícios ilícitos e pessoais, explorando a ingenuidade alheia ou as falhas de sistemas informacionais. Como afirmou Eric Raymond, autor do famoso livro Catedral e Bazar, os hackers são os responsáveis pela contrução da Internet.

O sociólogo Manuel Castells, autor do livro A Sociedade em Rede, analisa a formação da rede e percebe que a cultura hacker foi decisiva para que o seu funcionamento fosse baseado na liberdade. A ideologia hacker é que proporcionou que na Internet a tarefa de controlar seja mais difícil do que a liberdade de se comunicar. Talvez a característica mais fantástica da rede mundial de computadores é a possibilidade que qualquer pessoa ou grupo competente possui de ir além da criação de conteúdos. As pessoas podem criar novos formatos e novas tecnologias. Se não querem que seu conteúdo transite, você pode inventar um modo que burlar o controle. Isto baneficia algumas atividades ilegítimas e reprováveis, mas o uso quase absoluto das possibilidades de livre criação têm fortalecido práticas saudáveis de liberdade, democracia e colaboração.

Compartilhando seu conhecimento tecnológico com quem necessita fugir do vigilantismo anti-democrático, os hackers alemães reunidos no Caos Computer Club criaram um aplicativo de fácil instalação em máquinas com Linux, FreeBSD ou windows que permite acessar a rede TOR e ultrapassar a "Grande Firewall da China", ou seja, o enorme filtro de mensagens e boqueador de acesso a vários sites mantido pelo governo chinês. Esse aplicativo, denominado Freedom Stick permite que seu usuário consiga acessar um sistema mundial de servidores, executado por voluntários, que impede a identificação da origem dos pacotes de informações que transitam pela Internet, ou seja, garante o anonimato de quem está lutando pela liberdade e combatendo a censura das comunicações. Pode ser baixado no site e portado em um pendrive. Freedom Stick codifica os dados e através de diferentes rotas de servidores dentro da rede Tor, tornando inúteis quaisquer esforços de rastreá-los ou de descobrir sua fonte. Como todos precisam de um endereço IP para anavegar na rede, não era difícil paraa polícia política descobrir o computador de origem de uma determinada mensagem. O aplicativo da rede TOR age como um embaralhador de endereços IP (Internet Protocol).

O Tribunal Constitucional Federal alemão criminaliza o uso de aplicativos TOR o que dificulta o trabalho de voluntários que apóiam os movimentos contras as ditaduras e sistemas políticos totalitários. Björn Pahls, do CCC, afirma que a "censura na China é um sintoma de um estado de vigilância que tem sido apoiado tecnologicamente pelas sociedades ocidentais". Pahls fez um apelo às autoridade alemãs "para parar de penalizar os operadores de servidores da rede Tor. O comportamento das autoridades é altamente prejudicial para as pessoas que vivem submetidas a Estados opressores, suas vidas estão em risco. China é apenas um dos muitos exemplos".

Ian Clarke, nascido em 1977, na Irlanda, criador e programador principal da rede Freenet, deixa claro a importância do anonimato nas redes de comunicação ao afirmar: "Você não pode ter liberdade de expressão, sem a opção de permanecer anônimo. A maioria dos atos de censura é retrospectivo. É geralmente muito mais fácil para a limitar a liberdade de expressão punir aqueles que a exerceram ao invés de impedi-los de fazê-lo em primeiro lugar. A única forma de evitar isto é o anonimato". Por isso, o TOR é fundamental para a liberdade de expressão e criação nas redes. Em seu site principal, , os organizadores do projeto explicam: "Tor é um software que o proteje contra análise de tráfico, uma forma de vigilância que ameaça a liberdade e privacidade, negócios confidenciais e relacionamentos, e a segurança de Estado. Tor proteje você distribuindo sua comunicação através de uma rede de voluntários transmissores ao redor do mundo: isto previne que alguém monitore sua conexão e veja que sítios vocé acessa, e também previne que descubram sua localização física."

Quem está usando TOR? Uma série de entidades de defesas dos direitos humanos, tais como Human Rights Watch; organizações que defendem ou praticam a liberdade de expressão, tais como a Global Voices, um projeto de mídia fundado pela Harvard Law School’s Berkman Center for Internet and Society, e a Eletronic Frontier Foundation, que luta pelas liberdades civis na rede; associações de jornalistas que precisam driblar a censura, como os Repórteres sem Fronteira; blogueiros dissidentes de regimes totalitários, entre tantos outros que lutam pela liberdade dentro e fora do ciberespaço.


* Este texto foi publicado na Revista A Rede, número 40, setembro de 2008.

Monday, September 22, 2008

UM LIVRO SOBRE COMO ORGANIZAR SEM ORGANIZAÇÕES.


Aaron Shaw esteve aqui no Brasil, na semana passada, para participar de um evento promovido pelo Coletivo Digital e pela Rede Livre com o apoio da Fundação Ford. Conversamos muito sobre as pesquisas que ele está desenvolvendo como integrante da equipe de Yochai Benkler. Falei das investigações que realizamos na Cásper Líbero sobre as práticas colaborativas na rede. Aaron me disse que uma referência fundamental seria o livro Here Comes Everybody: a book about organizing without organizations, escrito pelo blogueiro Clay Shirky .
Achei muito interessante a abordagem.

Friday, September 19, 2008

HOWARD RHEINGOLD FALA DAS MOBILIZAÇÕES INTELIGENTES NO OHMYNEWS


O ativista e ensaísta Howard Rheingold, autor dos livros Virtual Community e Smart Mobs, realizou uma palestra em um encontro do OhMyNews, jornal colaborativo (escrito pelos leitores). A palestra virou o artigo 'A Smart Mob Is Not Necessarily a Wise Mob' e esta disponível no site do jornal (). Nessa página a palestra também está disponível em vídeo.

Imperdível.

OhMyNews: http://english.ohmynews.com/

KASSAB FAZ CAMPANHA CONTRA CIDADES DIGITAIS


Os publicitários do candidato a Prefeitura de São Paulo estão atacando a proposta de cidades digitais. Para combater a proposta de Marta Suplicy, os Kassabistas escreveram:

"Vamos analisar essa história. Ela disse que colocará nos prédios da Prefeitura aparelhos que receberão o sinal de internet e retransmitirão pelo ar. O nome dessa antena é iluminador wi-fi. Sabe quanto custa o aluguel de um aparelho como esse? Segundo especialistas, em torno de US$ 2 mil por mês (dólares mesmo)!"

Primeiro, quem disse que só existe uma forma de criar uma nuvem digital? Quem disse para eles que somente existe o que estão chamando de iluminador de wi-fi?
Segundo, quem disse que é necessário alugar os aparelhos? Prá que alugar um concentrador e um roteador se podemos comprá-lo por menos de R$ 2000,00? Ou ainda podemos espalhar vários Linksys que custam menos de R$ 200,00 cada um com um alcance de até 100 metros no seu entorno?

Segundo, vamos analisar o caso da cidade de Pedregulho, no interior do estado de São Paulo. Lá se implantou o projeto 'Cidadão Internet'.
Eles atingiram 60% da cidade com o sinal gratuito a partir de antenas implantadas em prédios públicos. Veja abaixo o relato do Guia das Cidades Digitais:

“Já podemos chamar Pedregulho de 'Cidade Digital' pelos grandes avanços que obtivemos em menos de seis meses”, afirma o prefeito, Dirceu Polo.

"O Cidadão Internet conta com sete antenas, espalhadas em pontos estratégicos do município de 15 mil habitantes e 321 mil quilômetros quadrados. São elas as responsáveis pela distribuição via rádio do sinal que dá acesso à rede mundial de computadores. Atualmente estão conectados prédios públicos, telecentros − onde há 50 terminais disponíveis para a população utilizar gratuitamente − e 500 famílias das áreas urbana e rural. Segundo a prefeitura, 60% do campo estão cobertos pelas antenas.
O custo do projeto limita-se aos R$ 3.472 pagos mensalmente à Telefônica pelo link de 4 Mbps. Os recursos vêm inteiramente do orçamento municipal. A instalação de antenas e o desenvolvimento dos sites da Prefeitura e da rádio online ficaram a cargo de Wagner do Nascimento, diretor do Departamento de Informática da Prefeitura. 'Algumas antenas, até montei sozinho. Também subi em alguns prédios mais altos para instalar outras, que já estavam montadas', diz Nascimento."

Temos ainda os casos de Sud Menucci (SP), Quissamã (RJ) e Tapira (MG). Todos fornecem sinais gratuitos reduzindo o 'CUSTO BRASIL' de comunicação e contribuindo para a inclusão digital. Nenhuma dessas prefeituras é governada pelo PT. Defender cidades digitais não é uma questão partidária. Trata-se de uma questão pública.

Thursday, September 18, 2008

OPEN COURSEWARE DO MIT EM PORTUGUÊS


Enquanto as mentes proprietárias se preocupam em novos modos de negar acesso ao conhecimento, o mundialmente reconhecido MIT (Massachusetts Institute of Technology) tem aberto seus cursos para toda os internautas. Para isso, o MIT criou o OPENCOURSEWARE(OCW).

OPENCOURSEWARE é um repositório de aulas utilizados em cursos do MIT. Existem aproximadamente 1800 cursos disponíveis contendo: notas de leitura, situações-problema, exercícios de laboratórios, vídeos e apresentações produzidas pelos professores.

O MIT OpenCourseWare está disponível de graça, e não requer nenhum cadastro. Atualmente existem vários cursos que foram traduzidos para o português.

As áreas dos cursos são:

* Aeronautics and Astronautics
* Anthropology
* Architecture
* Biological Engineering
* Biology
* Brain and Cognitive Sciences
* Chemical Engineering
* Civil and Environmental Engineering
* Comparative Media Studies
* Earth, Atmospheric, and Planetary Sciences
* Economics
* Electrical Engineering and Computer Science
* Engineering Systems Division
* Foreign Languages and Literatures
* Health Sciences and Technology
* History

* Linguistics and Philosophy
* Literature
* Materials Science and Engineering
* Mathematics
* Mechanical Engineering
* Media Arts and Sciences
* Music and Theater Arts
* Nuclear Science and Engineering
* Physics
* Political Science
* Science, Technology, and Society
* Sloan School of Management
* Special Programs
* Urban Studies and Planning
* Women's and Gender Studies
* Writing and Humanistic Studies

Tuesday, September 16, 2008

GNU/LINUX ULTRAPASSA 20,8% NO BRASIL. UM EM CADA CINCO DESKTOPS USAM O SISTEMA OPERACIONAL LIVRE.


É nítido o crescimento do uso de software livre, em particular das distribuições GNU/Linux nos desktops, nos últimos três anos. Minha irmã que jurava concordar com a lógica do compartilhamento e com a luta pela liberdade do conhecimento, dizia que não usava o GNu/Linux por não saber instalar e por estar "viciada" na iconização do ex-monopólio. No mês de junho, fui visitá-la e lá estava um computador novo. O computador do programa PC conectado estava rodando Gnu/Linux, uma distribuição baseada no Debian. Perguntei para ela se teve problemas para conectar na rede ADSL, pois a Telefonica diz que as máquinas com Linux não funcionarão. Minha irmã disse que não telefonou para ninguém, apenas seguiu as instruções que apareciam na tela do computador e pronto... tudo estava funcionando.

Outro dia, na Cásper, encontrei uma professora com um Eee PC rodando Linux. Ela estava super-feliz e dizia que conseguia salvar arquivos diretamente em PDF do seu editor de texto, o OpenOffice.

Enquanto vários amigos e conhecidos passaram usar o GNU/Linux no seu desktop, algumas pesquisas, entre elas aquela organizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, divulgam que os usuários de Linux se mantém em 1%. É óbvio que a pesquisa foi mal realizada. Mesmo uma pesquisa encomendada pelo ex-monopólio, em 2005, dizia que somente 25% dos computadores do programa PC Conectado se mantinham com Linux. Só isso, alteraria o cenário de 1% de usuários totais, mas a verdade parece estar mais de acordo com a pesquisa da Gfk Marketing Services, divulgada na quinta-feira, dia 11/09, que afirma que o uso do GNU/Linux atingiu 20,8%.

Veja o que diz a matéria publicada no IDG Now

Pesquisa: 20% dos desktops brasileiros rodam Linux

Por Redação do IDG Now!

12 de setembro de 2008 - 09h00

Em abril de 2008, a participação do sistema operacional Linux nos desktops vendidos no Brasil chegou a 20,8%, revelou a Gfk Marketing Services nesta quinta-feira (11/09).

O número representa um salto dos 9% de mercado brasileiro conquistado em junho de 2007. Embora tenha alcançado uma boa marca em abril, contudo, a participação do Linux no mês de junho caiu para 12%.

O Windows Vista, enquanto isso, tem aumentado a penetração entre os desktops - de 26% em junho de 2007 para 49% em junho de 2008.

O Windows XP, por outro lado, perdeu espaço em um ano, passando de 61% de participação no mercado de desktops em junho de 2007 para apenas 21% no mesmo período deste ano.

No mercado de notebooks, o sistema dominante é o Vista - com 65% de participação em junho de 2008, em comparação com 24% um ano antes. O Windows XP tem menos espaço ainda que nos desktops - em um ano, passou de 57% para 12% nos dispositivos móveis. O Linux permaneceu estável - com 13% e 12% em junho de 2007 e 2008, respectivamente.

A ABI Research afirma que, até 2013, o sistema operacional de código aberto vai liderar o segmento de dispositivos portáteis de internet.

A Gfk estimou que, em 2008, o Brasil venderá 12,9 milhões de PCs.

Sunday, September 14, 2008

PESQUISADORES ESPANHÓIS FORAM CONHECER O LABORATÓRIO DIGITAL DA CADESC, NA CIDADE TIRADENTES.


No seminário Cidadania Digital, promovido pelo Grupo de Pesquisa Comunicação, Tecnologia e Cultura de Rede, do mestrado da Cásper Líbero, o professor Javier Bustamante disse que a inteligência criativa estava na periferia. Fiquei pensando nos vários exemplos que comprovam a tese. No dia seguinte, sábado, 13 de setembro, Javier, da Complutense de Madrid, e Andoni Alonso, da Universidade de Extremadura, foram conhecer um laboratório de multimídia na periferia extrema de São Paulo. Situado na Cidade Tiradentes, Zona Leste, em uma pequena sala da Cadesc, jovens habilidosos criam soluções digitais coordenados pelo ativista João, o grande João da Cadesc. Para nos receber, também estava lá o amigo Cleber Santos, um jovem que começou a frequentar o primeiro telecentro da Cidade Tiradentes, em 2001, e hoje é um programador integrante do movimento do software livre.

CASO DE CENSURA A TWITTER MOSTRA OS RISCOS QUE TEREMOS SE A LEI DE AZEREDO FOR APROVADA SEM A EXCLUSÃO DOS ARTIGOS 285-A, 185-B E 22


Rodrigo Leme me enviou um post dizendo que seria necessário criticar a tentativa dos advogados da petista Luizianne, prefeita de Fortaleza, de bloquear o site twitter Brasil do mesmo modo que critiquei o Senador do PSDB Eduardo Azeredo.

Concordo com o Rodrigo Leme que os advogados da petista fizeram a maior trapalhada ao confundirem o blog Twitter Brasil com o site que hospeda nanoblogs Twitter. Segundo, concordo com o meu amigo João Caribé que diz que o caso demonstra o despreparo da Justiça Eleitoral ao tratar da Internet. Apesar do juiz Emanuel Leite Albuquerque, coordenador da propaganda eleitoral de Fortaleza, negar ter determinado o bloqueio do serviço de microblog Twitter ou do blog Twitter Brasil, o fato é que a blogueira Raquel Camargo foi notificada pelo Poder judiciário brasileiro.

Considero que a prefeita Luizianne tem o direito de solicitar ao Twitter que retire um perfil falso que tenta prejudicá-la. Mas o Judiciário não tem o direito de impedir o acesso às rede sociais, pois estaria violando liberdades fundamentais básicas.

O caso da proibição do Twitter Brasil demonstra os enormes riscos que a Lei Azeredo poderá trazer à liberdade de comunicação em nosso país. Não podemos aceitar que os artigos 285-A, 285-B e 22 se tornem norma legal. Estes artigos, imprecisos, exagerados e mal formulados poderão criminalizar milhares de internautas, anular a comunicação anônima e implantar o vigilantismo na rede. Para isso, basta que um juiz interprete a Lei Azeredo de um modo mais autoritário, mesmo que o atual Ministro da Justiça regulamente os artigos de modo a preservar o máximo de liberdade possível.

Essa questão não é partidária. Por isso, não acuso o PSDB pelo projeto do Azeredo nem o PT pela atitude dos advogados da Luizianne. Precisamos tentar mostrar a maioria das forças partidárias que é preciso garantir a cidadania e a liberdade de comunicação na comunicação em rede, na Internet.

Wednesday, September 10, 2008

HIPERPOLÍTICA E HIPERFILOSOFIA


Andoni Alonso, um dos autores de La Quinta Columna Digital: antritatado comunal de hiperpolítica, ativista do Cibergolem, estará no "Seminário Cidadania Digital: Desafios Globais em Comunicação, Política e Tecnologia" que ocorrerá amanhã, 11 de setembro, e na sexta, dia 12, na Faculdade Cásper Líbero.

Abaixo, segue um trecho da apresentação que Tomás Maldonado escreveu para introduzir La Quinta Columna Digital


"... la hiperpolítica es una política que aspira a convertirse en omnicomprensiva, siendo capaz de filtrarse por todos los intersticios. La política, merced al fomidable poder de conectividad de la red, tendría la potestad de estar presente en todas partes. Ahora bien, aunque esta idea resulta estimulante en un plano ideal, recuerda en exceso las elucubraciones tecnoutópicas que proliferaban en la California de los años setenta. Así sucede, por ejemplo, con la creencia de que el recurso a la electrónica hubiera bastado por sí mismo para favorecer el surgimiento de una «Nueva Atenas», una democracia participativa de masa a escala planetaria. Para ser justos, la posición de Alonso y Arzoz, más allá de incurrir esporádicamente en un ingenuo y algo afectado comunitarismo, no es tan simple. En el fondo, su actitud es más desencantada, más crítica y menos dispuesta a reconocerles a las nuevas tecnologías un papel mesiánico. Como es natural, los autores admiten que las nuevas tecnologías pueden favorecer la vida democrática, pero se oponen a cualquier forma de fanático determinismo tecnológico. En su propuesta a favor de una «hiperpolítica», se otorga a la red un papel importante, pero no tanto como para ver en ella un sustituto de la acción política. A su juicio, la red no es una forma de «hablar de otra forma», de no hablar concretamente de la política concreta, de la política con p minúscula. Es éste un punto crucial, ya que cualquier intento de propiciar una creíble (y plausible) alternativa a la voraz globalización neoliberista hoy en acto ha de asumir como punto de partida el hecho de que los problemas por resolver no son (o no son sólo) tecnológicos, sino siempre, y en primera instancia, estrictamente políticos. Siendo bien conscientes de ello, los autores consideran, con razón, que no existe la posibilidad de una hiperpolítica sin una hiperfilosofía. Por hiperfilosofía se entiende, entre otras cosas, «el método privilegiado y natural para el desarrollo técnico-práctico de la hiperpolítica». Es decir, que la hiperpolítica es vista como una derivación de la hiperfilosofía." (Maldonado)

Monday, September 08, 2008

TWITTER, MSN E ORKUT SÃO PROIBIDOS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO


Recebi um e-mail de uma professora da rede municipal que obviamente preservarei o nome. Ela me contou que o twitter, msn e orkut são proibidos porque seus conteúdos são relacionados a sexo, drogas e pedofilia!

Quando a professora questionou o motivo da proibição foi informada que no Diário Oficial do Município, de 15 de agosto, na página 1, foi publicado o decreto nº 49.914 que regulamenta da Lei 14.098 que "dispõe sobre a proibição de acesso a 'sites' da Internet com conteúdos relacionados a sexo, drogas, pornografia, pedofilia, violência e armamento, no âmbito dos órgãos integrantes da Administração Municipal Direta e Indireta".

Nos artigos 2 e 3 do decreto podemos ler:

"Art. 2º. Todos os órgãos integrantes da Administração Pública Municipal Direta e Indireta, inclusive as empresas públicas e sociedades de economia mista por ela controladas, ficam obrigados a adequar suas redes de comunicação e de dados, de forma a impossibilitar o acesso a conteúdos inadequados.
Parágrafo único. Para os fins do “caput” deste artigo, consideram-se conteúdos inadequados todos os sítios da Internet que possuam conteúdos relacionados a sexo, drogas, pornografia, pedofilia, violência e armamento, bem como outros que venham a assim ser conceituados.
Art. 3º. A rede corporativa interna da Prefeitura, qual seja, a rede administrada pela Empresa Municipal de Tecnologia da Informação e Comunicação - PRODAM, deverá ser dotada de filtros de conteúdo gerenciados por “software” e “hardware” específicos, permanentemente atualizados."

Lamentável, pois o decreto provavelmente atingirá também os telecentros e impedirá que a partir dele as pessoas tenham acesso a todo potencial positivo da rede. Nas escolas, infelizmente, ao invés de aproveitarmos os riscos e perigos para discutirmos ética e segurança no ciberespaço, subistituímos a educação e o diálogo pela mera proibição e negação da realidade. Este pensamento é o mesmo que impedia a redução da AIDS no Brasil, até que médicos corajosos, entre eles, Davi Capistrano, resolveram fazer o óbvio: distribuir preservativos como parte da campanha de esclarecimento. Sua ação foi combatida por toda espécie de conservadores. Capistrano defendia salvar as vidas e somente o esclarecimento, a disseminação de conhecimentos, poderia ter efeito. Os outros queriam simplesmente negar que as pessoas, jovens e adultos, praticavam sexo. Felizmente, médicos como Capistrano venceram a batalha ideológica. O Brasil foi um dos poucos países do mundo que conseguiu reduzir drasticamente a proliferação da doença.

O processo de ensino e aprendizagem passa pelo diálogo e pelo contexto. Paulo Freire nos ensinou que a educação deve basear-se na liberdade e não no autoritarismo. Mais do que criminosos, pedófilos e sexistas, na internet podemos encontrar fontes de entretenimento e conhecimento incríveis. Proibir sites de relacionamento, redes sociais e comunicadores instantâneos é mais do que um absurdo. Trata-se da falência do diálogo e do papel do educador como um orientador de condutas e um explorador de conhecimentos.

Monday, September 01, 2008

INTERNET, CONECTIVIDADE, ELEIÇÕES E CIDADANIA...


No mês de julho, Danielle fez esta entrevista comigo para um jornal sindical. Talvez seja útil para o debate da relação comunicação digital-cidadania. Veja:

1. Apesar dos graves problemas de inclusão digital existentes no Brasil, a internet pode ser considerada como o meio de comunicação mais democrático da atualidade?

SA: A penetração da Internet já supera a tiragem dos jornais diários no Brasil. Os telecentros, as lan-houses e os programas de financiamento de computadores aliados a políticas municipais de abertura de sinais wireless gratuitos certamente estão permitindo que a Internete avance em direção a maioria da população excluída. Do ponto de vista democrático, a Internet reduziu os custos de se tornar um falante no espaço público. Além disso, a possibilidade de criar sites, blogs e comunidades de interesse garantem uma maior diversidade de opiniões inexistente no mundo dominado pelos mass media.

2. Qual a verdadeira penetração dos veículos de comunicação digitais alternativos" na formação da opinião pública? Isso tende a aumentar?
SA: No ciberespaço, expressão "veículo alternativo" tem menos sentido que no mundo analógico. Se você observar a soma da audiência de alguns blogs individuais, verá que ela já ultrapassa a visita em sites de grandes jornais tradicionais. Por isso, os grandes portais agragam os blogs ao lado de veículos tradicionais. O que está acontecendo é a mutação do conceito de notícia. Atualmente, a produção da notícia foi democratizada. Eu me informo sobre a campanha do barack Obama diretamente no twitter dele. Se quero acompanhar o que esta acontecendo no mundo da tecnologia da informação tenho que assinar um RSS no slashdot. Quem é alternativo em cobertura da chamada TI, o slashdot ou a CNN? Os intermediários estão perdendo espaço no mundo das redes.

3. Representantes dos movimentos sociais e sindicais acusam a grande imprensa de tentar criminalizar suas ações políticas. Vc concorda com isso? A falta de consciência sobre a importância de uma boa estratégia de comunicação pode contribuir com isso?

SA: A criminalização da questão social é antiga no Brasil. Nos princípios do século XX, o então Presidente Washington Luis já dizia "questão social é caso de Polícia". Revistas como a Veja são boletins de agremiações com interesses materiais concretos. Agem violentamente contra tudo que pode atrapalhar a reprodução do capital de seus arranjos econômicos, principalmente contra os movimentos sociais. Eu nunca vi a Veja atacar a Operadora de Telefonia no Brasil e o modelo de privatização do PSDB, em que o consumidor de banda larga paga por 1 Mega de conexão e só recebe 10% do contratado. Isso não é crime. Acredito que a estratégia seja usar claramente os espaços democráticos do ciberespaço e organizar clusters, conjuntos, de blogs e redes de informação que perpasse também pelas redes sociais. Não acredito em convencer o editor da Veja. Ele não pode ser convencido ele é a voz dos grupos que a revista defende.

4. A internet tornou-se o principal instrumento de exercício do contraditório?

SA: Não tenho a menor dúvida. O que a imprensa tradicional tenta esconder a rede permite disseminar. A credibilidade da rede vem da reputação dos sites e blogs e pessoas. A economia das reputações na rede é muito mais eficiente e severa do que na esfera pública dominada pelo broadcasting.

5. Você considera importante um entidade sindical (ou social) ter um site/portal? Por quê?

SA: Uma entidade que não busca se conectar no ciberespaço com seus associados está completamente fora de sintonia com o cenário comunicacional que vivemos. Recentemente, a alta corte do Reino Unido, a Câmara dos Lordes, abriu um canal de TV permanente no Youtube (www.youtube.com/ukparliament). Imagine que ainda tem dirigente sindical com medo de abrir um blog e ter que responder as críticas da base. Pode esquecer, a comunicação caminha para uma fase participativa. É óbvio que a participação será assimétrica, que uns participam mais do que outros, mas todos caminham para superar a passividade comunicativa. A rede viabiliza isto.

6. Especialmente em função das eleições deste ano temos acompanhado diversas tentativas de "censura" ou "regulamentação" (dependendo do interlocutor) em relação ao conteúdo publicado na internet. Isto é necessário? Quais os riscos e consequências destas intervenções? De quem deve ser o papel de supervisionar abusos e ilegalidades na rede?

SA: Os abusos na rede são repelidos pela própria rede. Precisamos construir uma cidadania no cenário digital e ela pode requerer uma série de regulamentos que se tornem leis nacionais. Mas, a rede é transnacional e descentralizada. Ela requer mais governança que governo, mais participação da sociedade civil do ação burocrática. No caso das eleições, o TSE errou ao querer impedir o uso das redes sociais, do orkut, do youtube, twitter, facebook, listas de discussão, etc, na campanha eleitoral. Tal proibição beneficia o poder econômico, pois retira todas as vantagens equalizadoras da rede. Além de ser de dificil aplicação, serve portanto aos usos arbitrários, e, acaba protegendo os candidatos que temem a interatividade mais do que tudo. As redes digitais exigem interação, elas têm horror ao palanque e a proteção do demagogo.