Os ataques do PCC (Primeiro omnado da Capital) demonstram que o crime organizado disputa cada vez mais o comando não somente dos presídios, mas das massas pauperizadas, desamparadas e sem perspectiva.
É na profunda injustiça e desigualdade social que os chefes do crime recrutam seus exércitos de jovens sem perspectivas, sem futuro. Me assuta menos os ataques de bombas caseiras do que as imagens de um menino que dizia ao repórter: quando crescer quero ser bandido. Fernandinho Beira Mar agora disputa a primazia da referência de futuro com Ronaldinho e demais jogadores de futebol. Infelizmente, se nada for feito, será cada vez mais difícil encontramos nos bairros perifèricos de São Paulo meninos que queiram ser cientistas.
Dois Brasis estão se formando. O das elites tacanhas e assutadas e o o Brasil dominado pelo crime organizado e desorganizado. Não! Não estou exagerando. As estatísticas brasileiras de pessoas mortas anulamente por armas de fogo são típics de situação de guerra. São superiores as que encontramos nas guerras do Iraque. São estatísticas da guerra do Vietnam. morrem mais de 30 mil pessoas assassinadas por ano no país. Sim, vivemos uma guerra civil. As elites e o Estado não querem reconhecer, mas vivemos.
Não é uma guerra como a dos zapatistas em Chiapas. Lá, o subcomandante Marcos luta por direitos coletivos e sociais da população. Aqui o comandante Marcos, o Marcola do PCC, luta por dinheiro e por poder. Um poder despótico, sem direito, baseado na força e na violência. O exército do Marcola não luta por uma ideologia diferente da ideologia das elites econômicas. Lutam por dinheiro, dinheiro rápido, fácil. São ultra capitalistas que não praticam crimes de colarinho branco. Não fraudam licitações, mas matam policiais para demonstrar que seus soldados estão aí e podem atacar a qualquer momento.
Até quando vamos esconder esta guerra de nós mesmos?
Quanto mais tempo demorarmos para retomar nossas periferias pelas forças democráticas mais crescerá o exército dos criminosos. Não falo somente de ocupação policial. Falo principalmente de levar perspectivas, levar possibilidades de viver melhor. Falo de Educação, de telecentros e de empregos. Falo de levar a idéia de que é preciso uma revolução contra as injustiças do capitalismo bossal e desumano. Falo de levar a utopia de um mundo melhor que pode brotar das ações coletivas pela liberdade, pelo compartilhamento do conhecimento e do poder.
Infelizmente as elites acreditam que como derrotaram a esquerda, que como têm um panfleto canhestro com a revista Veja, como têm grana, poderão impor sua força contra este exército que se forma nas periferias. Pode esquecer. Os códigos deles são o individualismo extremo, distante da ética, pois agem como mercadores sem limites. Agem tecnicamente (como um técnico neoliberal que manda cortar os salários dos aposentados, não se importando se eles vão sobreviver), mas são mais radicais que as missões do FMI, pois têm pressa e para enfrentar seus problemas econômicos e para acumular rapidamente desconsideram a lei. Assim como Bush, que toma pela força um território estrangeiro, eles tomam pela força tudo o que consideram possível.
O primeiro passo para enfrentar essa situação é reconhecer que estamos em estado de guerra. O segundo passo é tentar reconquistar os territórios ocupados pelo medo, devolvendo a dignidade para a população e colocando outras perspectivas para nossos jovens. Chega desigualdades criminosas.
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