Esta foi uma entrevista que dei a Thaís Chita, no dia 1 de agosto. Ela é jornalista e grande colaboradora do Instituto Paulo Freire. Ela estava editando uma matéria sobre o software livre. Está sem revisão.
1) Como surgiu e a evolução do software livre no Brasil e fora dele?
O movimento surgiu com Richard Stallman, em meados dos anos 1980, nos Estados Unidos. Stallman era um hacker importante e trabalhava como pesquisador no MIT. Ele fundou a Free Software Foundation(FSF). Imediatamente uma série de pessoas passaram a colaborar com o desenvolvimento de programas de código aberto usando as grandes possibilidades de compartilhamento e colaboração que as redes informacionais permitem. A FSF queria fazer um sistema operacional livre que fosse baseado no Unix, um sistema operacional que tinha o código aberto, mas era proprietário. Em 1992, o estudante de matemática finlandes chamado Linus Torvalds juntou os vários esforços colaborativos e usando o compilador GCC, criado por Stallman, lançou a primeira versão do LINUX.
A partir disso, a comunidade cresceu velozmente no planeta. Vários outros softwares foram criados com base na prática colaborativa. Um dos sites que reunem projetos de software livre é o www.sourceforge.net . Nele atualmente temos mais de 125 mil projetos de código aberto e mais de 1 milhão e 300 mil colaboradores. Muitos desenvolvedores são barsileiros. O Brasil teve uma das primeiras distribuições LINUX comerciais chamada Conectiva. Uma empresa de Campinas, a INSIGNE já vendeu mais de 250 mil computadores com sua versão Linux, o Linux Insigne. Um último exemplo, até o Anima Mundi utiliza software livre para disseminar suas animações.
2) Por que o Movimento Software Livre cresce tanto em nosso país? Como funciona a Rede Livre?
O Brasil tem um enorme talento para o desenvolvimento d esoftware. Ocorre que no mundo proprietário, os brasileiros são meros arrastadores de ícones. No mundo do software livre, podemos desenvolver toda nossa potencialidade. Quando jovens com vocação para a programação descobrem o software livre, eles aderem e passam a colaborar com o desenvolvimento dos softwares que utilizam.
No início do governo Lula, o grande trabalho de disseminar a idéia do software livre pelo país e quebrar a reserva de mercado existente para produtos de uma única empresa monopolista norte-amnericana incentivou fortemente a mobilização colaborativa em torno do software livre no Brasil.
A Rede Livre é uma ONG nova que trabalha para formar jovens que possam prestar serviços de suporte aos usuários residenciais. O jovem carente ganha um curso técnico em software livre e se torna apto a migrar os computadores das pessoas e a mantê-los funcionando bem. A Rede Livre quer montar uma opção para os cidadãos que não querem mais usar softwares piratas ou inseguros, como é o caso do software proprietário mais comum. A Rede Livre manterá um site onde as pessoas poderão achar o contato dos jovens e poderão contratá-los para dar suporte de informática livre em sues residencias.
3) A utilização do software livre alcança quais outros espaços além, claro, da informática?
A idéia da colaboração avança para todas as áreas do conhecimento e, com o creative commons, atinge também a produção cultural, música, literatura, cinema, artes, fotografia, etc. Temos até a free beer, ou seja, uma cerveja livre, onde as pessoas podem ajudar a melhorar a sua receita e compratilhar as melhorias pela Internet. Temos a produçãode notícias colaborativa sobre a cultura brasileira no site do www.overmundo.org.br . Temos a grande wikipedia, a maior enciclopédia do planeta.
4) As pessoas em geral têm receio de trabalharem com software livre? Sim, não e porquê.
As pessoas, em geral, têm medo daquilo que não conhecem. Todavia, existe uma campanha falaciosa promovida pelo monopólio de software proprietário para tentar manter sua condição de monopólio e continuar extraindo riquezas dos paíse em desenvolvimento que acabam pagando milhões de dólares em royalties pelo uso de licenças de propriedade de software.
A maior dificuldade é que o modelo proprietário de software procura aprisionar os seus usuários, criar softwares que não aceitam formatos de outras empresas, disseminar o máximo de dificuldades possíveis para evitar que o cidadão mude de solução, tenha alternativas e ganhe liberdade. Por isso, que os programas de inclusão digital com software livre dão muito certo. Nas áreas sem herança de software proprietário, as pessoas aprendem software livre e quando acabam conhecendo o software proprietário passam a ver a superioridade do modelo livre. Como aprenderam as funcionalidades dos programas, sem seram bitoladas e adestradas em determinados ícones, elas acabam sendo pessoas que adquirem maior desenvoltura no uso da informática.
5) Por que você está com tudo isso?
Não sei se entendi a pergunta.
Defendo o software livre porque defendo que o conhecimento não é propriedade de ninguém. Se ele pertence a alguém, pertence a humanidade. Acho que compartilhar o conhecimento gera também a redistribuição dos fluxos de riqueza e de poder, principalmente em uma sociedade baseada na informação.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
Linus Torvalds era um matemático? Li em um site que ele era um Cientista Da Computação =D.
http://www.thocp.net/biographies/torvalds_linus.html
Qualquer coisa me manda um e-mail pra esplicar melhor ;-). Abraços, admiro seu trabalho.
Sim, Paulo você tem razão. Linus era estudante de ciência da computação. O equívoco veio da comparação com o antigo curso na USP que era da matemática e ciência da computação. Hoje Torvalds se qualifica como engenheiro de software. Veja o que está escrito na wikipedia: "Torvalds attended the University of Helsinki from 1988 to 1996, graduating with a master's degree in computer science."
Bom achei melhor não corrigir o texto original e corrigi-lo concordando, aqui, como seu comentário.
Valeu.
Post a Comment