Um estudo feito por dois pesquisadores de Harvard, muito alardeado ontem na rede, fala que a pirataria ajuda a manter o windows. Isto vem reforçar uma pesquisa que fiz em 2004 que gerou o paper Corsários Digitais, Estado e Monopólio de Algoritmo. O paper foi publicado em 2005 em uma coletânea sobre propriedade intelectual pela editora Juruá.
No texto procurei mostrar que a chamada pirataria é quem dá o verdadeiro suporte aos usuários residenciais de soluções proprietárias. O uso residencial das cópias não-autorizadas tem assegurado uma grande massa crítica de pessoas capacitadas nas soluções proprietárias. O texto descortina a relação extremamente funcional e aparentemente antagônica entre a ação repressiva do Estado, a rede de distribuição de cópias não-autorizadas e a consolidação dos monopólios de algoritmos. Nessa interação, o Estado tem tratado os bens intangíveis como bens escassos, gerando artifícios jurídicos extremamente difíceis de consolidar, pois se baseiam em falsas premissas.
A seguir leia a matéria sobre o estudo dos pesquisadores de Harvard:
Estudo polêmico diz que pirataria de software favorece Windows
Por Matthew Broersma, para o IDG Now!*
Publicada em 11 de setembro de 2006 às 18h26
Atualizada em 12 de setembro de 2006 às 11h17
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Londres - Dois pesquisadores de Harvard criam modelo para analisar a
competição entre o Windows e Linux e chegam a conclusões
surpreendentes.
A pirataria de software ao contrário do que pensa o senso comum pode
ajudar a Microsoft em sua batalha contra o Linux.
Essa é uma das conclusões de um estudo polêmico de dois pesquisadores
da Harvard Business School, dos Estados Unidos.
O texto acadêmico (Dynamic Mixed Duopoly: A Model Motivated by Linux
vs. Windows) foi escrito pelo professor assistente Ramon
Casadesus-Masanell e pelo professor Pankaj Ghemawat e publicado em uma
edição especial da revista Management Science.
Os dois basearam seus estudos em modelos econômicos simplificados para
recriar a dinâmica de competição entre o Windows e o Linux, no qual o
Windows tem participação de mercado e lucratividade de seu lado,
enquanto o Linux beneficia-se de um ciclo de desenvolvimento mais
rápido e de um custo mais baixo.
Casadesus-Masanell e Ghemawat, para surpresa deles mesmos, descobriram
que as vantagens do Linux sozinhas não significam que com isso ele vai
superar o Windows, que se beneficia inicialmente de seu poder
dominante de mercado.
Um fato que poderia ajudar o Linux a ganhar espaço são os "compradores
estratégicos" - grandes empresas e governos, que se sentem mais
confortáveis em ter acesso ao código fonte.
"Esta deve ser uma das razões porque a Microsoft está fornecendo
acesso ao código fonte do Windows para os governos", disseram os
pesquisadores.
Outra surpresa, segundo os pesquisadores da Harvard Business School, é
que a pirataria do Windows pode, na verdade, ajudar a Microsoft. Isso
porque quanto mais pessoas usam o software, maior é o efeito rede, o
que torna o Windows mais valioso e permite que a Microsoft cobre mais
por ele.
O estudo diz também que a pirataria do Windows ajuda a reduzir o
entusiasmo pelo Linux. "Descobrimos que em países onde a pirataria é
alta, o Linux tem as taxas mais baixas de penetração", disseram
Casadesus-Masanell e Ghemawat.
A terceira descoberta dos estudiosos é que o Linux não significa
necessariamente um efeito de bem-estar social melhor do que o Windows.
"Com o monopólio, os esforços para desenvolver um novo software e
melhorar uma plataforma são direcionados para um único sistema e isso
pode ser melhor em uma perspectiva de bem-estar social", escreveram os
pesquisadores.
Os dois pesquisadores admitem que o modelo econômico que construíram
para estudar os impactos do Windows e do Linux é bastante simplificado
e pode não refletir fatores importantes que existem no mundo real.
Detalhes da pesquisa podem ser conferidas em uma entrevista dos dois
pesquisadores (em inglês).
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6 comments:
Oi Sergio,
Mas o que você acha de se utilizar cópias piratedas do Windows, por exemplo?
Pergunto isso porque tenho um amigo muito próximo que faz uso dessa ferramenta, e ele me disse que não tem condições de pagar pela versão oro]iginal.
Um forte abraço
Daniela Silva
Graduanda em Pedagogia
FACED-UFBA/Salvador-Bahia
Daniela
Acho que seu amigo deveria usar software livre. A questão é que ao usar windows, seu amigo reforça o monopólio de software proprietário. Por que ele não usa Linux, OpenOffice, Gimp, Mozila, entre outros tantos softwares abertos e livres?
Quando tento colocar software livre bas escolas, alguns educadores dizem: "mas as pessoas só têm windows em suas casas". A M$ (microsoft) com a chamada "pirataria" mantém as instituições aprisionadas. O modelo de pagamento de liceñças de software não foi feito para usuários residenciais. Foi feito para pessoas jurídicas, empresas, escolas e governos. Mas é o uso não regularizado que garante a massa crítica de usuários para que o monopólio continue monopolizando.
Abraços
Sérgio Amadeu
Olá Sergio!
Sempre achei que a pirataria ajudava o Windows. E muitos que defendem o Windows só têm tais atitudes, pois não pagam o preço da licença. Não pagam 1300,00 pelo office. Até mesmo quem trabalha em uma empresa que usa o windows defende somente o seu uso, pois quem paga as licenças são os patrões.
Em orgão publico não é diferente, pois muitos funcionarios publicos não tem a consciência de que os milhões gastos com licenças vem dos nossos bolsos.
Mas, Sergio, vc não acha que precisamos de mais divulgação?, pois muita gente nunca ouviu falar em Linux.
Tinha um erro no título.Um anônimo me avisou: estava escrito Haward e o correto é Harvard.
Valeu!
O Office não custa 1300,00 e mesmo assim no windows eh possivel usar open office.
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