Monday, June 25, 2007

QUEM GANHA COM PADRÕES ABERTOS

Este artigo foi publicado no jornal Gazeta Mercantil, página 3, de segunda-feira, dia 25 de junho de 2007. Defende que padrões fechados e baseados em patentes são nocivos aos consumidores e à inovação.


QUEM GANHA COM PADRÕES ABERTOS
Sérgio Amadeu da Silveira

Padrões são fundamentais na vida social e econômica. Parafusos, lâmpadas, fios, tubos, torneiras, entre tantos outros exemplos, seguem padrões. A sociedade da informação talvez seja ainda mais dependente de padrões. A própria Internet segue um conjunto de padrões, consolidados em protocolos de comunicação. Tais protocolos contém regras de comunicação que permitem o entendimento entre redes privadas bem diferentes.

Quando padronizamos um produto, em geral, estamos beneficiando a sociedade. Primeiro, passamos a definir a qualidade mínima e os elementos essenciais que um determinado produto deve possuir. Segundo, um padrão permite que exista concorrência entre várias empresas que podem produzir ou prestar serviços respeitando determinações de qualidade e garantindo a compatibilidade de produtos feitos por diferentes companhias.

A teoria econômica permite-nos compreender que existem padrões de fato e de direito. Em muitos segmentos econômicos, os monopólios acabam impondo seus produtos e eles se tornam verdadeiros padrões do mercado. Em outros casos, concorrentes se unem para definir normas para a produção ou desenvolvimento de determinados produtos e serviços. Neste caso temos um padrão de direito. Em muitos casos, os Governos acabam definindo normas para realizar suas compras que acabam induzindo as empresas a assumirem estas exigências como um padrão a ser seguido.

Os economistas Carl Shapiro e Hal Varian, no livro A Economia da Informação, deixam claro que muitas vezes o futuro do mercado e a sobrevivência das empresas dependem dos padrões adotados. Isto levou-os a estudar o que eles denominaram de guerra dos padrões, ou seja, principalmente na economia de redes, as empresas tentam impor o formato, o modelo e as características de seus produtos como a regra básica daquele segmento. É muito conhecida a história das bitolas das estradas de ferro no final do século XIX. Dependendo da largura da bitola adotada você beneficiaria determinadas redes em detrimento de outras e prejudicaria fabricantes que faziam vagões para a bitola que não fosse considerada “fora do padrão”.

Nesse sentido, padrões não são neutros. Sua definição pode permitir a ampliação da competição ou pode reforçar os monopólios, pode ajudar a reduzir as barreiras de entrada no mercado ou aumenta-las, pode incentivar ou bloquear o ritmo das inovações e invenções. É possível obter qualidade técnica com padrões abertos e fechados, ou seja, padrões que são controlados por uma única empresa ou por um grupo fechado de empresas. Todavia, padrões fechados são anti-concorrenciais e tendem a elevar os custos econômicos para os seus consumidores.

O economistas Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, e Jason Furman, professor de Economia da Yale University, escreveram no final de 2002, um texto advogando que o monopólio diminui o ritmo das inovações de quatro maneiras. A primeira é a do aumento dos custos da inovação, causada pelo poder monopolista, uma vez que a principal matéria-prima das inovações são os conhecimentos sobre as inovações anteriores, o monopólio consegue bloquear o livre fluxo dos saberes. “E quando se aumenta o custo de um insumo numa atividade, o nível desta atividade cai.”

A segunda está ligada as barreiras de entrada em um campo de negócios. Com a sua elevação os incentivos para inovar diminuem. Além disso, os economistas perceberam que em casos extremos, “se um monopólio se assegurar de que não há ameaça de competição, ele não investirá em inovações.” A terceira maneira está vinculada a idéia de que o monopólio busca impedir a interoperabilidade real de seus produtos com outros possíveis concorrentes. Assim, sua tendência é a de tentar matar toda a inovação fora do seu controle e que seja considerada perigosa a manutenção de seu monopólio. A quarta se relaciona com os incentivos que um monopólio tem para inovar. “Como o monopolista produz menos que o socialmente ótimo, as economias com uma redução no custo de produção são menores do que num mercado competitivo. Também os incentivos para um monopolista patrocinar pesquisas não as levarão ao nível socialmente eficiente. Preferencialmente sua preocupação é inovar apenas no ritmo necessário para afastar a competição, um ritmo marcadamente menor que o socialmente ótimo.”

Por essas razões, se pudermos optar entre um padrão aberto e fechado, devemos obviamente escolher o padrão que melhor garanta a concorrência e a competição. Padrões compostos de elementos patenteados e controlados por um único fornecedor devem ser evitados. Quem se beneficia de padrões abertos? Os consumidores que poderão ter vários fornecedores competindo. Sabemos que quando existe a competição, os preços tendem a ser menores e a qualidade maior. Por isso, os organismos de padronização devem ter todo o rigor para analisar propostas de padrões que trazem definições e modelos que estão sob o controle de monopólios. Padrões devem ser públicos e abertos, devem incentivar a criatividade e a concorrência, isto beneficiará os consumidores. Como alegam os professores Stiglitz e Furman, “a monopolização não ameaça os consumidores apenas pelo aumento dos preços e pela redução da produção, mas também reduz a inovação no longo prazo.”

11 comments:

Anonymous said...

Achei muito interessante seu post, mas ainda acho que foi dito muito sobre os padrões em geral e pouco sobre a importancia dos padrões abertos...

Fernando Leme said...

Parabéns sérgio, muito claro e objetivo seu texto. O poder mnopolista nunca contibuiu com inovaçoes emlaga escaa, muito menos com a economia e desenvolvimento em países periféricos como o Brasil. O software livre é também uma arma nesta batalha por menors custos econômicos, maior acesso à informação e aumento da possibilidade de inovação e independência.

Anonymous said...

A padronização é sempre bem-vinda, como veículo para a interoperabilidade, para a espiral ascendente de métodos e tecnologias, para aprimoramento e especialização da mão-de-obra.

Empresas e seus empreendedores sempre se juntaram na busca por padronização. Senão não teríamos ISO, ABNT e demais organismos que em essência são repositórios de diretrizes normativas. Empresas cumprem as normas estabelecidas como garantia da qualidade de seus produtos, sem necessariamente tornar público os métodos - e suas nuances - que utilizaram para produzi-los.

Produzindo mais, melhor e mais barato, um empreendedor se sobressai sobre os outros, vende mais e se retroalimenta, impulsionando-se para outros patamares. É o motor que nos tirou da foice feita pelo artesão na forja catalã, nos trouxe até aqui e não tem dado mostras de cansaço - muito pelo contrário: um empreendimento, como o homem, cresce porque tem medo de morrer.

Concordo com o Fernando Leme: o monopólio acomoda. Mas para isso temos - até agora - os padrões IBM-PC com x86 e 64bits. Aqueles que produzem para atendê-los têm dado saltos tecnológicos desde os anos 80. A Microsoft é um exemplo de empreendimento que se sobressaiu utilizando esses padrões para fornecer produtos desejáveis - e "desejável" é o mais importante parâmetro de qualidade para qualquer produto.

Aaron said...

@ Max: What does "desejável" mean in this context?

Anonymous said...

Aaron, talvez você não domine muito bem o português, então explico o que quis dizer citando um exemplo que usei em minhas palestras sobre implantação de sistemas de garantia da qualidade:

Aqui no Brasil usamos uma esponja de lã de aço para lavar a louça. Ela domina o mercado desde o lançamento, há muito tempo atrás. Imagine que eu, para entrar neste mercado, invente uma esponja de lã de titânio - virtualmente indestrutível, eterna, mas 500 vezes mais cara do que a rival que dura alguns dias, se muito.

Qual é o produto que tem melhor qualidade? Sabemos que a qualidade de um produto é ditada pela reunião de vários fatores, e se lembrarmos que o objetivo da esponja é apenas limpar - ação que ambas as concorrentes cumprem perfeitamente - então chegamos a um impasse: uns vão preferir gastar mais, mas apenas por uma única vez, enquanto outros não se importarão em voltar ao mercado de vez em quando. Ora, ambas têm qualidades, mas qual tem mais? A resposta é simples: terá mais qualidade aquela que for mais "desejável", aquela que as pessoas pagarão para ter, aquela que vender mais.

Vários empreendimentos fracassaram - e muitos mais ainda vão fracassar - apenas porque seus idealizadores não levaram em consideração que seu produto, por mais que incorporasse tecnologia e inovação, era menos "desejável" do que seu concorrente - seja pelo preço, seja pelo suporte pós-venda, seja pela falta de foco no cliente e de estratégia de divulgação.

O Linux, objetivo final da doutrinação estampada neste artigo do Sérgio Amadeu, tem qualidades, tantas ou mais do que seu concorrente Windows. A "inteligentsia" por trás do Linux sempre tratou de buscar "pendurar" mais e mais virtudes no seu sistema preferido, nem que sejam qualidades de cunho subjetivo como a propalada "justiça social" (seja lá o que queiram dizer com isso) ou invencionices sem sustentação como esse "padrão aberto". Na minha opinião há erro de estratégia, pois poucos são os "penduricalhos" que agregam ao Linux o desejo de tê-lo, de instalá-lo e usá-lo de verdade. O Linux pode ser ótimo, mas os usuários não o desejam como ainda desejam seu concorrente. E a "inteligentsia" que apóia o Linux parece que jamais vai perceber que essas tentativas de aumentar seu prestígio a conta-gotas - mesmo a longo prazo - terão efeito inócuo sobre a vontade que o usuário tem de usá-lo.

Só para arrematar: a empresa Bombril "monopolizou" (uso o termo como os admiradores do Open Source empregam comumente) e venda de esponja de lã de aço no Brasil por muitos anos. Até o dia em que um concorrente (fabricante medíocre de esponjas desde 1958, vendido para um gigante nacional da área de alimentos) investiu maciçamente em propaganda, tomando-lhe 25% do mercado de uma só tacada. Por muito pouco ela não comprou sua rival, isto em 2003.

Tenho certeza de que de nada adiantaria, na época, o Sérgio Amadeu invocar a justiça social e a melhoria na distribuição de renda na cidade de Goiânia para alimentar o desejo dos usuários da "Bombril" de trocar para a "Assolan".

samadeu said...

Agradeço a contriubuição do Max, pois permite esclarecer mais uma questão. A micro$oft não foi escolhida pelos usuários porque não existia opção. A opção surgiu como as alternativas livres. A m$ é o que os economistas chamam de "quase-monopólio". O sistema operacional da m$ é ruim, mas aprosionam seus usuários. A m$ só virou monopólio porque a IBM fez um aocrdo desastrado com a empresa que hoje é a "talebã" do mundo proprietário. Isto explica porque a m$ quer evitar de todo modo que tenhamos um formato aberto de documentos. Seus produtos são tão ruins que não resitirão a um nível médio de concorrência. É preciso estabelecer condições de livre escolha. O exemplo do Bombril não vale para a m$, pois palha de aço não trava, não desliga com o botão iniciar e não tem arquivos de texto 3 vezes maiores do que os salvos em odt.

Anonymous said...

Boa Tarde Sérgio.

Também lhe agradeço por estender seu artigo, debatendo-o conosco.

Fora do ambiente acadêmico, das ".org" e da Administração Pública, desde sempre acompanhamos as estratégias que as empresas criam para vender mais e com a maior margem de lucro possível. Se concordarmos com minha citação de que uma empresa cresce porque tem medo de morrer, essa atitude - antes de ser predatória ou "monopolista" - é perfeitamente compreensível, pois imita comportamento humano - coisa de DNA, de macaco que desceu de árvore, foi morar em caverna e que fez de tudo para se manter vivo e se reproduzir até as gerações atuais. Fazer de tudo para não morrer - dentro dos limites já bem assentados por milênios de convívio em sociedade - não é um comportamento que eu condenaria, pelo menos pelos próximos séculos.

A iniciativa privada surgiu muito recentemente na nossa história, substituindo o empreendedorismo de estado. A Empresa "murchou" o Estado, dimensionando-o dentro dos limites de sua vocação. Sem esse arranque privado, estaríamos hoje condenando o "monopólio" do governo dos Estados Unidos como um todo, e inventando apelidos engraçadinhos para o "Jorge Bucho", como mentor intelectual de uma bugiganga ou outra (o Estado é lento e não tem medo de morrer, então acredito que estaríamos brigando para poder fabricar um "ferro elétrico livre", se tanto).

É típico das empresas inventarem práticas que garantam boas vendas. A prática da moda é uma poderosa soma de "sensibilização" e "fidelização". Discordando de você, o exemplo da lã de aço é perfeitamente aplicável nessa situação (é claro que meu exemplo vai muito além do discurso ideológico, então peço que tente reconsiderar), mostrando que a sensibilização é uma ferramenta muito eficiente. Digamos que a Assolan seja 15% pior do que a Bombril, ou 15% melhor. Talvez um "expert" em lavagem de louça tenha percebido isso, mas eu ou você sentimos a diferença? Não seria o objetivo do consumidor comum atingir tão-somente o objetivo proposto quando comprou o pacotinho de esponjas? Então, até 2001, não importava quem lhe viesse fazer frente: o consumidor era insensível a qualquer outro concorrente da Bombril, nenhuma marca "colava".

A estratégia da Assolan foi exemplar: o produto de massa não penetraria no mercado buscando comparações com o "monopólio" concorrente. Aprontou peças publicitárias leves e de forte apelo popular, invadiu o varejo com sucessivas promoções, monitorou cada passo da Bombril nas gôndolas, suplantando-a sempre com diferença de centavos. Fez isso até o consumidor se tornar indiferente ao famosíssimo colorido vermelho-e-amarelo da esponja rival.

A Assolan, querendo se popularizar, acertou na mosca. Bem diferente da Oral-B, marca de escova de dentes que quer se ver elitizada, "mais usada pelos dentistas", pipocando infográficos sobre a remoção de placas bacterianas e outros informativos científicos que pouco atraem quem quer apenas ficar com cheirinho de hortelã por pelo menos meia hora. Como já havia dito, talvez o Linux tenha tantas ou (certamente tem) mais qualidades que o Windows, mas sua estratégia de sensibilização se aproxima demais da propaganda da Oral-B: uma colagem de virtudes e depoimentos de cunho técnico, com o agravante da divulgação no espaço "underground" da internet. Seu discurso sobre os "padrões abertos" não foi só pouco convincente ou superficial: está a quilômetros do que o usuário comum se recorda quando vai ao Extra comprar seu novo "eletrodoméstico". O Windows não é admirável; admirável é seu poder de se fazer lembrar e de se manter "desejável".

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Nunca vi economista cunhando o termo "quase-monopólio". Por mais que não queiram acreditar, os admiradores do Linux deveriam entender que o termo "monopólio" tem uso tão restrito nos dias de hoje que se restringe basicamente às intervenções de Estado, como nos monopólios de extração de petróleo, por exemplo. O padrão IBM-PC jamais foi campo fértil para a sustentação de um monopólio. Tenho também minhas objeções quanto aos formatos e bibliotecas proprietários dos quais a Microsoft lança mão, mas aí caímos na segunda prática de venda da moda: a fidelização. Condenável tanto quanto o DRM, a regionalização dos DVDs, os chips de celulares ou os cartões de crédito dos postos de gasolina e magazines de roupas. Mas é um recurso - senão ético, pelo menos - dentro da legalidade. Uma grande corporação tem sempre que trabalhar com expectativas, com o futuro. O que IBM ou Volks ou Samsung lançam hoje já é passado, é o resultado de projetos com 4, 5 anos ou mais. E trabalhando com esse grau de antecipação, fica bem mais fácil a empresa se cercar de garantias mediante contratos e parcerias. Como num jogo de xadrez, em que o iniciante tenta lidar com no máximo 3 lances à frente, enquanto o profissional já vislumbra dezenas de lances até a vitória final. Podemos creditar à descentralização de ações incentivada pelo Linux - e pelo SL como um todo - que leva à sua escassez de estratégias de longo prazo e à consequente sensação de se estar sempre dez passos atrás de um "monopólio" ou outro.

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Permita-me uma crítica: não se perca em críticas pueris como "o Windows desliga no botão Iniciar". O Windows tem defeitos de verdade que merecem ser criticados. O formato doc é tão ultrapassado quanto o cdda, mas substitui-los leva ainda um bom tempo, e você sabe disso. Novamente: não serão esses "penduricalhos" que levarão o usuário comum a desejar uma troca de SO.

Aaron said...

Max: "Aaron, talvez você não domine muito bem o português,"

Aaron: Max, don't worry about me! Eu consigo dominar bastante português para (pelo menos) entender os argumentos aqui. De q q jeito, eu não acredito que as suas respostas foram exatamente para mim, né? ;-) Agora, enquanto falamos do "desejável," so peço que disculpe os meus erros gramaticaís...


M: "Ora, ambas têm qualidades, mas qual tem mais? A resposta é simples: terá mais qualidade aquela que for mais "desejável", aquela que as pessoas pagarão para ter, aquela que vender mais."

A: Simplesmente, pagamento não significa desejo e vendas não significa qualidade. Tem forças do mercado que vão muito mais além do desejo tanto quanto o pagamento - nem falar das forças impulsadas pelas empresas que tem a capacidade manipular o mercado duma maneira anti-concorrente e anti-social (quer dizer - tomar ações que obstacula o acesso à informação em rede e outros recursos digitais).

Esponja nenhuma limpará o cheiro daí.

Anonymous said...

Boa noite Aaron

Entendi o que você quis dizer. Bom, não?

É muito comum confundir qualidade com excelência. Qualidade vem do grego "qualitas" e significa característica. Dizer que algo "tem qualidade" é deixar a frase em aberto, porque essa qualidade pode ser desejável ou não (olha o desejo aí novamente). No fundo, então, vamos recompor a verdadeira ordem dos valores: mais qualidades (boas, claro) em um produto não são garantia de torná-lo mais desejado; na verdade, o item "vontade de ter aquele produto" é a sua característica mais importante, e atingir esta característica tão decisiva deveria ser o verdadeiro objetivo de quem quer crescer (de verdade).

E aí só me resta repetir: buscar extravagâncias filosóficas como as do Sérgio Amadeu para provar que o Linux é melhor que o Windows - ou que um Volvo é melhor que um Nissan, ou que a Assolan é melhor que a Bombril - não sensibiliza o usuário e sua vontade de adquirir qualquer um deles (e se o consumidor quer, ele paga para ter, sim senhor). Vale no final o fator "desejo", uma qualidade poderosa, puramente subjetiva e muito mal trabalhada pelos admiradores do Linux até agora.

samadeu said...

São interessantes os argumentos do Max. Eles, sim, são extravagantes. Ele diz que o monopólio surgiu por vontade dos consumidores. Max esquece a história contada pelo próprio Bil Gates. Provavelmente. Max explicaria as práticas anti-concorrenciais da m$, no caso do Explorer diante do Netscape, como resultado da vontade dos consumidores. Isto sim é extravagente e um exagero na defesa de um monopólio. Max lança argumentos psicológicos para tentar encobrir a estratégia de aprisonamento e venda casada do monopólio mundial de software para desktop. Os argumentos do Max, lembram os argumentos do economista Jean Baptiste-Say. São circulares.

Bom, vamos ao ponto. O que eu argumento aqui, no artigo que iniciou este debate, não é se o Linux é melhor que o windows. Isto agora é secundário. Estou falando de padrões. Além disso, não podemos confundir exemplos de bens tangíveis com bens intangíveis. Estamos falando de um cenário de bens informacionais. Estamos falando de economias de rede.
O que o Max deve discutir é se ele é ou não contra um padrão aberto. Se ele é ou não favorável a concorrência. Se a concorrência beneficia ou não a inovação. Como não sou funcionário de nenhuma empresa de TI sinto-me a vontade para falar como cidadão. Um padrão que permita a concorrência é melhor para todos os consumidores. Não haverá nenhum mal para a economia global ou local se a sempresas concorram dentro de um mesmo padrão. Ocorre que o monopólio não quer um padrão que permita a concorrência. Por isso, quer inviabilizar o uso do ODF alavancando um padrão repleto de elementos fechados, que somente ela domina, o chamado OoXML.
Defender a concorrência dentro de um mesmo padrão é vital para os consumidores e para a inovação.
Mesmo o Max poderia defender a concorrência sem nenhum prejuízo às suas idéias. Como ele pensa que são os consumidores que fazem o monopólio (desejando seus softwares), a empresa monopolista não se abalará com interoperabilidade plena com outros produtos.

Rodrigo Lopes said...

Em TI, tudo é um padrão. Os desenvolvedores de software estabelecem interfaces que padronizam a comunicação de programas clientes para o software em desenvolvimento (logicamente, alterar esta interface é uma atitude radical). Estas interfaces ditam como os programas pode interagir com outros (no caso o software que está sendo desenvolvido). Quando o Doutor Sérgio critica os padrões fechados, ele está indiretamente criticando qualquer sistema projetado que exponha interfaces não abertamente padronizadas. Qualquer programa que queira ser utilizado por outros programas deveria ter a decência de expor um padrão aberto.
É negativo desenvolver um programa confinado a uma interface cujo controle está sob uma empresa qualquer:
1) A interface muda quando esta empresa quiser.
2) Só muda quando esta empresa quiser.
3) Pode ser eliminada quando a empresa quiser.
4) A empresa sempre poderá criar um programa concorrente ao seu, melhor adaptado a interface.
5) Seu programa passa a depender do outro. O "valor" do seu programa está associado ao número de clientes do programa que fornece a interface.
Em suma, a API Win32 é uma prisão.