Showing posts with label conhecimento livre. Show all posts
Showing posts with label conhecimento livre. Show all posts

Friday, August 15, 2008

SEMINÁRIO "CIDADANIA DIGITAL: DESAFIOS GLOBAIS EM COMUNICAÇÃO, POLÍTICA E TECNOLOGIA". IMPERDÍVEL! INSCRIÇÕES ABERTAS.



As redes informacionais e a comunicação digital em um cenário de mobilidade crescente alteram as práticas políticas e lançam novos desafios para a defesa e expansão dos direitos dos cidadãos. O objetivo do seminário é analisar as alterações na esfera pública e na dinâmica da cidadania diante de fluxos globais de comunicação, a partir do cenário latino-americano.

Serão dois dias de debates relacionando a comunicação digital e as possibilidades e entraves nascidos da cibercultura e dos conflitos das relações sociais de produção no capitalismo cognitivo. Também serão discutidas as visões científicas e filosóficas sobre as ambivalências do ciberespaço, os conflitos nascidos das amplas possibilidades de práticas colaborativas, de um lado, e as tentativas de controle e enrijecimento da propriedade intelectual, de outro.

O Seminário reunirá pesquisadores de algumas das mais importantes instituições de ensino e pesquisa do Brasil, Espanha e Estados Unidos. Os coordenadores do Seminário são Sergio Amadeu (eu) e Javier Bustamante.

O evento será no Auditório Aloysio Biondi, na Faculdade Cásper Líbero, nos dias 11 e 12 de setembro. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas.
Para se inscrever acesse o site da Cásper Líbero


PROGRAMAÇÃO - CIDADANIA DIGITAL

11 SETEMBRO – QUINTA

14h – 15h50 E-DEMOCRACIA E PROCESSO ELEITORAL
Fernandez Del Riesgo (Complutense), Heloiza Matos (FCL), Marcelo Coutinho (FCL/IBOPE).

16h10 - 18h
PARADIGMAS ÉTICOS NA SOCIEDADE INFORMACIONAL
Ramón Queraltó (Univ. de Sevilla), Graciano González (Complutense), Andoni Alonso (Univ. Extremadura).

19h30 – 21h30 HIPERPOLÍTICA, CIBERCULTURA E CONHECIMENTO LIVRE
Sergio Amadeu (FCL), Javier Bustamante (Complutense), Langdon Winner (Rensselaer Polytechnic Institute).


12 DE SETEMBRO – SEXTA

14h – 15h50
POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Demi Getschko (PUC), Maria Conceição da Costa, DPCT/Unicamp, Marcos Carvalho (CPQD-Unicamp).

16h10 - 18h
DIGITALIZAÇÃO DAS MÍDIAS E O FUTURO DAS REDES
Eugenio Bucci (USP), Prof. Laan (FCL), Eugenio Trivinho (PUC-SP).

19h30 – 21h30 CONVERGÊNCIA DIGITAL, MOBILIDADE E O FUTURO DA INTERATIVIDADE
Luis Joyanes (Univ. Salamanca), Walter Lima (FCL), Sebastião Squirra (Metodista).

Friday, July 18, 2008

SENADOR AZEREDO CONVENCE DEPUTADO DE SÃO PAULO TENTAR APROVAR TEXTO NA CÂMARA SEM ALTERAÇÕES

A matéria publicada no site oficial da Câmara dos deputados não deixa dúvida: O Senador Azeredo convenceu o deputado paulista Julio Semeghini a aprovar seu substitutivo o mais rápido possível.

Por isso, temos que aumentar a pressão sobre a Câmara. Nosso abaixo-assinado já ultrapassou 50 mil assinaturas. Temos que tentar ultrapassar 100 mil para até o início de agosto. Assim, os deputados poderão notar que é necessário discutir o tema com cautela. A pressa de Azeredo é para evitar a análise das consequências do seu projeto. Sem dúvida, os artigos 285-A, 285-B e 22 atendem aos ineteresses da MPAA, da RIAA e das companhias de TV fechada. Atacam milhões de internautas e querem barrar as práticas de compartilhamento de arquivos, principalmente pelas redes P2P.

Reproduzi, abaixo a matéria que está no site da Câmara Federal:


Aconteceu - 18/07/2008 13h56
PSDB quer urgência para projeto sobre crimes na internet

O PSDB quer urgência para o Projeto de Lei 84/99, do ex-deputado Luiz Piauhylino, que tipifica crimes praticados pela internet. Com apoio dos líderes partidários, o deputado Julio Semeghini (PSDB-SP) apresentou nesta semana requerimento de urgência para a proposta, o que significa que, se for aceito o pedido, o projeto pode ser incluído a qualquer momento na pauta do Plenário. A proposta já foi aprovada pela Câmara em 2003, mas como foi alterada no Senado, deverá ser analisada novamente pelos deputados.

Julio Semeghini espera que o projeto seja votado pela Câmara antes das eleições municipais de outubro. Ele argumenta que a proposta já foi amplamente discutida, inclusive em seminários nacionais e internacionais, e que as alterações feitas no Senado foram negociadas com a Câmara. Para o deputado, ao tipificar os crimes da internet, cada vez mais comuns, como golpes financeiros, racismo e pedofilia, o projeto vai permitir uma investigação rápida e a identificação dos criminosos que atuam na rede de computadores.

Ajustes

O presidente da organização não-governamental SaferNet Brasil, Thiago Tavares, sugere que os deputados façam ajustes na redação do projeto. Ele critica, por exemplo, a possibilidade de criminalizar o ato de baixar músicas da rede. "Em tese, essas pessoas - hoje são mais de 30 milhões de brasileiros segundo as últimas pesquisas - poderiam ser criminalizadas. A redação atual ainda permite esse tipo de interpretação e certamente será objeto de revisão na Câmara", diz Tavares.

Segundo o texto aprovado pelo Senado, quem obter, transferir ou fornecer dado ou informação sem autorização da rede onde se encontra esse dado estará sujeito a pena de reclusão de um a três anos e multa.

Julio Semeghini explica, no entanto, que a Câmara não pode mais alterar o texto vindo do Senado. Pode apenas optar pela redação aprovada originalmente pelos deputados, rejeitando as modificações feitas pelos senadores. Por outro lado, ele admite que essa algumas mudanças ainda podem ser feitas para melhorar a redação final do projeto.

Reportagem - Geórgia Moraes/Rádio Câmara
Edição - Noéli Nobre
Com informações da Agência Senado

Tuesday, July 08, 2008

EM MENOS DE DOIS DIAS MAIS DE 5564 CONTRA O SUBSTITUTIVO DO AZEREDO


A Petição pelo veto ao projeto de cibercrimes e o Manifesto "Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira", em menos de 2 dias, conseguiu 5564 assinaturas de acadêmicos, professores, jornalistas, estudantes universitários, comunicadores e pesquisadores brasileiros.

Esperamos que os Senadores ouçam a sociedade civil, a blogsfera e os comunicadores brasileiros. Precisamos alertar que o projeto do Azeredo NÃO trata principalmente de crimes contra a pedofilia. O projeto do Senador Azeredo trata essencialmente de proibir as redes P2P, a cópia, o uso justo de MP3 e dos vídeos.

O projeto do Azeredo faz parte de uma ofensiva mundial da indústria de intermediação de bens culturais que quer criminalizar as práticas de compartilhamento na Internet. Leiam a matéria, publicada hoje no El País: Avanza la directiva que permite espiar al usuario en la Red.

Alguns Senadores estão tentando melhorar o projeto. Ocorre que não há como melhorar uma redação que proibe a cópia na Internet sem autorização do legítimo titular ou do responsável pela rede (o que é pior).

Não há como manter um inciso que transforme os provedores em delatores de seus usuários. Se alguém tem uma denúncia fundamentada que faça diretamente às autoridades. MAS NÃO É ISTO QUE O SENADOR AZEREDO quer! Tal como Sarkozi na França e Bush nos Estados Unidos, ele quer instalar o medo. Como uma provedor saberá que um download P2P não contém um arquivo sem licença de copyright? Somente olhando os pacotes. Para observá-los o provedor terá que violar a privacidade dos cidadãos e ver constantemente o que eles estão fazendo na Internet. Para evitar estes constragimentos, os provedores prefirirão bloquear o P2P. Como um prefeito irá manter uma rede aberta de conexão com tanta insegurança jurídica.

Imagine o que a MPAA e a RIAA farão quando esta lei do Azeredo entrar em vigor. Como eles dizem que P2P é a "rede da pirataria", bastará denunciar que existe prática P2P em qualquer provedor para que o mesmo seja obrigado a delatar quem está fazendo os downloads. Azeredo quer um estado policialesco. O pior é que alguns Senadores democratas não vêem que é preciso derrotar o artigo que proibe a cópia e o que transforma o provedor em polícia privada, em delator de cidadãos.

Por fim, peço a todos os pesquisadores,professores e ativistas da liberdade do conhecimento que divulguem nos blogs e nos jornais o que está ocorrendo. Peço que leiam com atenção os artigos que serão votados. vamos avisar a todos que o que vale é o texto da lei aprovada e não o discurso de qualquer parlamentar.

Vamos continuar esclarecendo os absurdos dessa ofensiva totalitária sobre a liberdade de expressão e compartilhamento da rede.

Monday, March 31, 2008

CASO DO LIVRO CIENTÍFICO: PESQUISA MOSTRA APROPRIAÇÃO PRIVADA DO CONHECIMENTO FINANCIADO COM RECURSOS PÚBLICOS.



O GPOPAI (Grupo de Pesquisa Pública de Acesso a Informação), com sede na Universidade de São Paulo, está dedicado "à investigação de temas relacionados à propriedade intelectual com ênfase nos constrangimentos que as atuais regras impõem ao acesso público à informação, à cultura e ao conhecimento". Atualmente é composto pelos professores doutores Jorge Alberto Machado, Pablo Ortellado e Gisele Craveiro, dos cursos de Gestão de Políticas Públicas e Sistemas da Informação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo e de Alcimar Silva de Queiroz, Cristiana Gonzalez, Eduardo B. Barbosa, Luis E. T. Leon, Rodolfo L. Castanheira, Rodrigo B. de Almeida, Sarah Elizabeth Floriano Machado e Thais Carrança Eduardo.

A pesquisa lançada pelo GPOPAI, na terça-feira, 25 de março, mostrou o elevado subsídio à indústria do livro técnico e científico e grandes limitações de acesso aos conteúdos produzidos com recursos públicos.

Os livros científicos, técnicos e profissionais representam cerca de um
quarto dos títulos editados no Brasil e 20% do faturamento do mercado
editorial.

A pesquisa esclarece, entre outras constatações extremamente relevantes, que "um levantamento realizado em 10 cursos na Universidade de São Paulo mostrou que os custos de aquisição dos livros exigidos num ano comprometeria mais de 90% da renda familiar mensal dos estudantes".

O relatório completo pode ser baixado na Internet:
https://www.gpopai.usp.br/wiki/images/8/8f/Relatorio.pdf

Wednesday, February 27, 2008

O DIA INTERNACIONAL PARA A LIBERDADE DOS DOCUMENTOS

Recebi do DICAS-L, mantido pelo Rubens Queiroz, a informação de que 26 de Março será o dia internacional para a Libertação de Documentos. Leia a mensagem:


O Dia da Liberdade dos Documentos (DFD, Document Freedom Day) é um dia internacional para Libertação de Documentos com ações de base no sentido de promover Formatos de Documento Livres e Padrões Abertos em geral. O DFD foi iniciado e é apoiado por um grupo de organizações e
empresas, incluindo, mas não limitado a, a Free Software Foundation Europe, ODF Alliance, OpenForum Europa, IBM, Red Hat e Sun Microsystems, Inc.

Em 26 de Março de 2008, o Dia da Liberdade dos Documentos irá proporcionar um ponto de mobilização mundial pela Libertação de Documentos e por Padrões Abertos. Ele vai literalmente dar a equipes
de todo o mundo a chance de "levantar a bandeira":

O "Kit de Iniciação DFD" contém uma bandeira, camiseta, folhetos e adesivos que estão em preparação e estão previstos para serem enviados nas primeiras semanas de Março para as primeiras 100 equipes que se inscreverem. Dezesseis equipes já se inscreveram durante a fase de
preparação do DFD antes desse lançamento. Inscreva sua equipe agora!

"Estamos orgulhosos de apoiar este esforço global para incentivar o intercâmbio aberto e inclusivo de informações", disse Marino Marcich,Diretor Geral do OpenDocument Format Alliance. "Liberdade dos Documentos significa criar, trocar, e preservar seus documentos eletrônicos sem ter de comprar software de um determinado fornecedor."

"O aprisionamento tecnológico dos dados e o subseqüente aprisionamento tecnológico de clientes por parte de fornecedores são alguns dos mais graves problemas que os usuários estão enfrentando hoje", disse o presidente da FSFE, Georg Greve. "Contudo a maioria das pessoas só se
dá conta deste propósito quando é muito tarde e elas efetivamente já perderam o controle sobre seus próprios dados. Estamos colaborando com o Dia da Liberdade dos Documentos para ajudar a promover a consciência para esta questão, iniciando com algo que afeta praticamente todos os usuários de computadores: documentos de texto, planilhas e apresentações."

"Formatos de Documentos Livres e padrões abertos são elementos importantes na continuação da expansão da comunidade global de código aberto", disse Tom Rabon, vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos da Red Hat. "A Red Hat apóia firmemente o Dia da Liberdade dos Documentos e incentiva a participação de todos aqueles que aguardam com expectativa o dia em que os documentos sejam controlados por seus próprios donos, e não necessariamente por aqueles que criam a tecnologia para acessar esses documentos."

Simon Phipps, o Oficial-Chefe de Open Source da Sun Microsystems declarou, "Como eu expliquei no meu artigo "Freedom to Leave" [*], é fundamental no mercado emergente que as pessoas sejam livres para utilizar qualquer software que elas desejam para manipular seus dados. Estou plenamente de acordo com as metas de Liberdade dos Documentos."
[*] http://docs.google.com/View?docid=dhb29vwq_3dzb2cs

Alexandre Oliva da Fundação Software Livre América Latina (FSFLA) comenta: "Quando você salvar os seus documentos usando um formato Padrão Aberto e Livre como o ODF, você também está salvando seu
próprio futuro, garantindo a sua contínua capacidade de acessar, decodificar e converter os seus conteúdos."

Graham Taylor, Diretor da OpenForum Europa: "A OpenForum Europa aplaude o anúncio do Dia da Liberdade dos Documentos. A verdadeira essência da 'transparência' é capturada pelo direito dos usuários, cidadãos, governos... poderem livremente acessar e trocar documentos, hoje e no futuro. Nada dá maior significado para o perigo predominante de aprisionamento tecnológico em soluções proprietárias, e para a necessidade do Governo agir agora."


== Sobre o Dia da Liberdade dos Documentos

O Dia da Liberdade dos Documentos (DFD) é um dia global para Libertação de Documento. É um dia de atividades de base ao redor do mundo com o objetivo de promover e desenvolver a consciência da
relevância dos Formatos de Documento Livres em particular e dos Padrões Abertos em geral. O DFD é apoiado por um grande grupo de organizações e indivíduos, incluindo, mas não limitado a Ars Aperta, COSS, Esoma, Fundações Software Livre Europa e América Latina, IBM, NLnet, ODF Alliance, OpenForum Europa, OSL, IMatix, Red Hat, Sun Microsystems, Inc., The Open Learning Centre, Opentia, Estandares Abiertos.

A lista de grupos que apóiam o DFD podem ser encontrada em
http://documentfreedom.org/Who

A lista de equipes do DFD está disponível em
http://documentfreedom.org/Category:Teams


== Outras Informações
http://documentfreedom.org


== Contato

contact - AT - documentfreedom.org

Graham Taylor graham - AT - openforumeurope.org
Ivan Jelic jelic - AT - fsfeurope.org
Kerri Catallozzi kcatallo - AT - redhat.com
Marino Marcich mmarcich - AT - odfalliance.org
Marko Milenovic milenovic - AT - fsfeurope.org
Terri Molini terri.molini - AT - sun.com
FSFLA info - AT - fsfla.org


Fonte:
http://documentfreedom.org/News/20080220
http://www.fsfla.org

Friday, August 31, 2007

MONOPÓLIO PROMETEU COMPENSAÇÕES PARA PARCEIROS QUE VOTASSEM FAVORÁVEIS AO OPEN XML.

A matéria abaixo, publicada no Inside, serve como alerta para todos aqueles que ainda não perceberam que os padrões e protocolos carregam decisões econômicas e muitas vezes políticas. Se o lobby da micro$oft tivesse funcionado no Brasil, eles diriam que a decisão da ABNT teria sido "técnica" e que os críticos seriam "ideológicos".

Microsoft admite que funcionário fez oferta a parceiros em troca de votos para OpenXML
Quinta-feira, 30 de Agosto de 2007, 20h21

A Microsoft admitiu que um funcionário de sua subsidiária sueca ofereceu compensações financeiras por meio de “contribuições em marketing” a parceiros que votassem a favor do formato de documento OpenXML durante reunião da SIS, órgão de padronização daquele país, que votará no encontro da Industry Standard Organization (ISO), no dia 2 de setembro, para definir o padrão para esse tipo de sistema. O órgão, que representa a Suécia na ISO, decidiu que votará a favor do OpenXML.

A empresa afirmou, entretanto, que oferta foi rapidamente retirada e não teve impacto na votação realizada no domingo passado (26/8) pela SIS. Blogueiros, entretanto, que exigiram estar presentes no encontro, relataram que mais de 20 companhias apareceram na reunião nos minutos finais com a única intenção de votar a favor do OpenXML, de acordo com notícias publicadas pela revista sueca Computer Sweden e o jornal americano Washington Post.

Segundo um dos relatos, a única exigência da SIS para aceitar novos membros é o pagamento de uma taxa de US$ 2,5 mil. A grande maioria das empresas que se uniram a SIS no último momento para votar, segundo esses blogueiros, era de parceiros certificados Microsoft.

PUBLICADO NO SITE:
http://www.tiinside.com.br/Filtro.asp?C=265&ID=77670

Thursday, August 02, 2007

URGÊNCIA URGENTÍSSIMA: PRECISAMOS MONTAR O COMITÊ DE DEFESA DA LIBERDADE PARA A CULTURA E PARA O CONHECIMENTO.

Recebi vários e-mails indignados que relatavam a existência de um comitê estadual para doutrinar as crianças nas escolas estaduais paulistas a favor da visão hollywodiana de propriedade intelectual. A Câmara Americana de Comércio montou um projeto para doutrinação que é apresentado como combate à pirataria. A Secretaria Estadual de Educação acabou aceitando talvez por desconhecimento. Primeiro, observem o trecho de um relato publicado no jornal de debates sobre o projeto:


"...a AMCHAM – Câmera Americana de Comércio lançou no último dia 30 de janeiro o Projeto-Escola para combater a pirataria.

Basicamente, dito projeto tem a missão de transmitir conceitos básicos de Propriedade Intelectual às crianças entre 7 e 11 anos, valendo-se dos professores como mensageiros. Os conhecimentos obtidos pelas crianças deverão ser “devolvidos” por meio de redações, peças de teatro, histórias em quadrinho e etc.
Acreditamos que contaremos com o apoio dos professores, até porque estes profissionais sempre combateram a “cola”, e, certamente, não ficarão inertes a outros tipos de cópias.
O notável objetivo deste projeto é construir, desde já, o conceito de propriedade intelectual na consciência das crianças, e que, sobretudo, trata-se de uma propriedade, e como qualquer outra tal como uma bicicleta, uma boneca ou uma bola, prescinde de autorização do seu dono antes de ser utilizada.
Finalmente, este projeto obterá sucesso, se conseguir demonstrar às crianças que o peso de ouro da Propriedade Intelectual pode fazer o Brasil reluzir para o desenvolvimento."
(FONTE: www.jornaldedebates.ig.com.br/index.aspx?cnt_id=15&art_id=5935)


A Secretaria Estadual abrirá as escolas paulistas para que seja passado uma visão extremista sobre a propriedade intelectual. Tal como nas propagandas da MPAA e da RIAA, a cópia de arquivos serão intencionalmente confundidas com roubo de bens materiais. Além de deseducar, os doutrinadores de Hollywood omitirão das crianças a existência de uma gigantesca mobilização pela flexibilização da propriedade intelectual, contra os absurdos da proteção de uma obra por 95 anos após a morte do autor e, certamente, não tocarão na existência de movimentos como o creative commons.

Enquanto o Brasil luta nos fóruns internacionais para submeter a propriedade intelectual às necessidades do desenvolvimento, a Secretaria de Educação dá esta bola fora. Faz uma aliança com o lado obscuro da criação. O mais estranho é que isto acontece na gestão Serra. José Serra, quando Ministro da Saúde, foi um grande batalhador contra a visão extrema da propriedade sobre conhecimentos e idéias. Serra batalhou pela quebra de patentes para o combate da AIDS e enfrentou o poderoso lobby das indústrias farmacêuticas. Será que ele sabe desta doutrinação obscura nas escolas estaduais?

De qualquer forma, quero lembrar aqui o alerta dado pelo jurista Lawrence Lessig. Ele lembrou-nos que se a visão da indústria farmacêutica, da MPAA, das gravadoras prevalecer estaremos substituindo a cultura da liberdade pela cultura da permissão. É um novo totalitarismo qu querem impor para manter os fluxos de riqueza que estas indústrias construiram na época industrial. Grave. Criação exige liberdade. A inventividade depende de uma ampla base de cultura comum. O que os paladinos do exagero querem é destruir a idéia de domínio público e compartilhamento.

Bom, precisamos agir. Proponho montarmos um comitê em defesa da liberdade do conhecimento. Proponho pedirmos uma audiência ao governador José Serra e levarmos a reivindicação de termos acesso as escolas estaduais. Poderemos assim explicar a idéia de cultura livre, colaboração práticas P2P, creative commons e software livre.

O Pablo Ortellado, Jorge Machado, Guilherme Carboni, Alexandre Oliva e eu fizemos algumas reuniões para discutir a questão da liberdade cultural diante do enrijecimento da propriedade sobre idéias. Mas agora é hora de agir. Acho que podíamos nos articular contra este absurdo anti-educativo e desinformativo que estão promovendo para nossos professores e estudantes.

O que acham? Vamos criar o comitê? Quando e onde será a primeira reunião?

Friday, June 01, 2007

OS RISCOS DO PANTETEAMENTO GENÉTICO

O advogado brasileiro, Mauricio Bauermann Guaragna (mbguaragna@gmail.com), militante na área de propriedade intelectual, foi aluno de Peter Drahos. Depois de obter o seu mestrado em Direito (LLM) pela Universidade de Aukcland, Nova Zelândia, Maurício atualmente é pesquisador doutorando do Queen Mary Intellectual Property Research Institute da Universidade de Londres. Foi o co-fundador e é diretor da Network for Open Scientific Innovation (Rede para Livre Inovação Científica). Segue a entrevista que fiz com Maurício sobre o que considero um dos maiores riscos dos exageros da apropriação do conhecimento, o patenteamento genético.


1 - Qual o maior perigo que vc vê no patenteamento de códigos genéticos?

Existe muita preocupação relacionada ao patenteamento de códigos genéticos. Críticos dizem que genes são parte da natureza e não podem e nem devem ser patenteados. Esse argumento, mesmo correto, se afasta do problema principal inerente às patentes.

Nessa área os EUA continuam possuindo a liderança e sustentam a máxima de que qualquer coisa pode ser patenteada (qualquer coisa feita sob a luz do sol pode ser objeto de propriedade). Essa noção maximalista ainda é vista com simpatia por parte da sociedade. Assim sendo, essa sociedade (governantes, legisladores, tribunais, o povo etc.) precisa tomar decisões e responsabilidades porque a propriedade intelectual e as leis são criadas através de um processo político. O problema é que esse processo político está comprometido por fortes interesses econômicos, sendo a democracia impedida de funcionar corretamente e proporcionar melhores resultados para a sociedade.

As “regras” para se obter uma patente dizem que uma invenção deve ser “nova” (requsito da novidade), “não-obvia” (requisito da atividade inventiva), e ter uma “utilidade” (requisito da aplicabilidade industrial). Sob o ponto de vista filosófico e metafísico, esse critério não é válido, pois é totalmente subjetivo. Por exemplo, um inventor (gênio) pode facilmente ver e criar uma tecnologia que é “obvia” para ele, mas não é obvia para todos as outras pessoas que trabalham na área. Essa “utilidade” depende totalmente de quem está usando a invenção. Além do mais, não existe distinção correta entre o que é artificial e natural, pois tudo que existe é parte da natureza. Todos os átomos no nosso universo são parte do mundo natural. A sociedade usa o mito do grande inventor criativo, mas na verdade, toda invenção consiste em se fazer alterações e reorganizações das invenções (coisas) já existentes. Os músicos sabem que ninguém inventou ou é dono da série harmônica. O que aconteceria se alguém fosse o dono da nota Fá ? O custo do licenciamento destruiria qualquer criatividade na composição de musicas.

O que realmente deveria importar é se o efeito de se ter um monopólio sobre uma tecnologia é bom ou ruim, ou seja, se isso cumpre uma função social.

Não podemos esquecer que em determinado período da história nós fomos donos de pessoas. Isso foi chamado de escravidão. Na história da humanidade a escravidão provou não ser uma boa idéia. Todos nos sabemos que é muito melhor moralmente e economicamente ter indivíduos donos do seu próprio trabalho, onde existe a liberdade de se contratar livremente. A escravidão pode parecer excelente para os donos de escravos, mas prejudica o resto da sociedade, pois para manter o instituto da escravidão existem altos custos de monitoramento e controle. Esse fenômeno é exatamente o que acontece com a propriedade intelectual , onde existem algumas mega-corporações, de interesses ambíguos, que se beneficiam do conjunto de leis e princípios que regulam um sistema promíscuo, enquanto que o resto de nós paga o preço.

Então, a resposta para o patenteamento de códigos genéticos é simplesmente a seguinte: se fosse bom, deveríamos tê-lo. Paradoxalmnete, se as pessoas não pudessem ser livres deveríamos criar um sistema para controlá-las. No entanto, não existem escravos naturais e não existem pessoas que são inferiores por raça, ou superiores geneticamente. Isso foi um mito criado pelos poderosos senhores donos de escravos, da mesma maneira que poderosas empresas, que se beneficiam do sistema de propriedade intelectual, criaram o mito que patentes são essenciais para se manter a mágica do avanço tecnológico.

Patentes sobre códigos genéticos são um absurdo. Centificamente é estabelecido que nenhum gene faz algo sozinho. A única coisa para qual uma patente sobre um código genético pode servir é para obstruir outras pesquisas e forçar outros a pagarem algo a alguém. Essa técnica, conhecida como a tática do submarino, é usada toda hora quando empresas depositam um pedido de patente sobre um código genético e nem mesmo sabem para que serve tal código. Essas empresas esperam que alguém descubra qual é o valor do código genético para então processá-lo.


2- Os donos de laboratórios dizem que gastam milhões em descobertas e por isso, precisam de patentes para cobrir os custos do avanço científico. Vc não acha que os custos elevados das descobertas na área de biologia se deve ao modelo privatizado, não-colaborativo, da pesquisa (modelo centrado na opacidade)?


Primeiro, eles não estão dizendo a verdade sobre os custos. Segundo, seguindo a linha de um raciocínio filosófico, e usando-se conhecimentos básicos de contabilidade, conclui-se que é incorreto confundir pesquisa com investimento. Pesquisa é uma despesa, mas os donos de laboratórios a consideram como investimento. Isso significa que eles igualam a pesquisa a outros investimentos potências e argumentam que devem ter um certo (enorme) retorno. Isso é uma falácia. Se você está no negócio de produção, distribuição e marketing de medicamentos, a pesquisa faz parte do custo do negócio. Qualquer negócio tem despesas associadas aos seus produtos. Por que podem os grandes laboratórios levarem vantajens de todos os lados? São eles investidores, produtores ou vendedores? Eles querem ser tudo.

Existe muita contabilidade criativa por parte das empresas farmacêuticas. Comprovado pelas parcerias público privadas como OneWorld Health e Drugs for Neglected Disease, sabemos que é possível desenvolver medicamentos por mais ou menos 250 milhões de dólares,. Então, porque multinacionais reivindicam que o custo é de $800 milhões? Elas contabilizam custos diversos, como marketing, onde a maior parte desse dinheiro não foi gasto em pesquisa. Além disso, as grandes empresas normalmente se envolvem no processo de pesquisa após muitos anos, depois da pesquisa básica ter sido desenvolvida em universidades e institutos públicos com o dinheiro do contribuinte. Nada contra isso, pois é um papel valiosos que essas empresas privadas podem fazer dentro da cadeia, mas não está havendo honestidade sobre o papel do financiamento e suporte público. De fato, institutos públicos de pesquisa (como o Departamento Nacional de Saúde dos EUA e FIOCRUZ no Brasil) gastam substancialmente com certos testes clínicos, que empresas privadas reivindicam como seu crédito. Esse é o caso da maioria dos medicamentos para a AIDS e diversos avanços em tratamento de Câncer.

Breve comentário sobre a biotecnologia. A indústria da biotecnologia é peculiar. Existe há somente 30 anos e a regra geral é não gerar lucros. Em qualquer ramo de negócios existe uma máxima, se você não gera lucros, você não tem êxito. Na área da biotecnologia empresas continuam a existir por 20 anos recebendo mais e mais investimentos. Esse fato ocorre porque elas/ eles pensam: “nos temos a patente e um dia nos vamos todos nos tornar muito ricos.” Bem, na história recente, duas empresas de biotecnologia tiveram enorme sucesso (Genetech e Amgen) e são elas responsáveis pelo mito que biotecnologia é um grande negócio.

O problema não é uma questão de público versos privado. Ambos podem coexistir. Não existe nada de errado em se fazer dinheiro. O cerne do problema é exatamente o modelo de negócio; exclusividade não é a melhor maneira para se fazer dinheiro, pois é ineficiente. Pergunto, o que é melhor: uma empresa faturar um bilhão de dólares ou 100 empresas faturarem 12 milhões cada uma (1.2 bilhões)? Tendo mais participantes dentro do jogo existe mais riqueza, vai acontecer muito mais inovação e conseqüentemente os preços vão ser reduzidos para o consumidor final. Você pode ter um modelo “Coletivo-Privado” de inovação, ou seja, uma forma colaborativa privada. Essa espécie de modelo baseado no conceito do open source permite que todos ganhem juntos, diminuindo- se dramaticamente o número de perdedores (fenômeno causado pela ganância). Você pode ter um pedaço do bolo (lucro) e também come-lo (medicamentos a custos razoáveis). Um modelo colaborativo, onde existe a inovação distributiva ou produção compartilhada (peer production), na qual os participantes, em lugares diversos, podem desempenhar tarefas livres e de modo cooperativo, é uma alternativa para reduzir os custos elevados das descobertas na área da biologia.


3 Vc acha que esta apropriação privada e obscura do conhecimento científico pode já estar reduzindo o ritmo das descobertas necessárias à humanidade?

Na agricultura, um pequeno grupo de grandes conglomerados são proprietários de mais de setenta porcento dos direitos de patentes, incluindo-se ferramentas básicas para inovação. Vinte porcento do genoma humano é controlado por patentes, sendo que dentro desses vinte porcento, cerca de dois terços são de propriedade de empresas privadas. Isso, potencialmente cria um empecilho para cientistas inovarem, visto que o cientista necessita de ferramentas para inovar. Karol Kovac, gerente geral da IBM, diz que novas descobertas deverão ser extraordinárias, mas elas não irão acontecer se pessoas usarem a propriedade intelectual como um cadeado. De fato, isso acontece hoje em dia, porque as patentes são as maiores barreiras para se converter informação e conhecimento em produtos. A capacidade para se usar conhecimento, fator primordial na ciência, é bloqueada por patentes e conseqüentemente o conhecimento científico é obscurecido.

O atual sistema é promíscuo e empresas abusam desse sistema, pois não têm nada a perder. Modelos proprietários de inovação reduzem o o ritmo de inovação, compartilhamento e criatividade, atingindo proporções ainda maiores neste século. Para explicar isso, os economistas Boldrine e Levine escreveram um livro, onde argumentam que patentes sempre reduziram o ritmo de compartilhamento/ distribuição/ propagação de novas tecnologias. Por exemplo, o uso do motor a vapor, que foi a origem da revolução industrial, foi travado por causa de uma atitude monopolista de seu inventor, Watts. O avião, o carro .... a lista continua. É impossível se fazer um levantamento das descobertas fantásticas que ocorreram por causa de patentes. Ao contrário , existe muita evidência (entrevistas com cientistas) que mencionam que muitos projetos de pesquisa foram abandonados por causa de direitos de patentes. O sistema aparentemente parece funcionar porque volta e meia empresas fazem grandes descobertas. No entanto, eu argumento que isso acontece apesar de, e não por causa dos direitos de propriedade intelectual. Isso é frustrante porque poderíamos ser muito mais eficientes.

O custo das patentes hoje em dia é altíssimo . Isso se deve por causa da velocidade do desenvolvimento tecnológico , que aconteceu primeiro no campo da TI, e agora é projetado para a biotecnologia, que cresce exponencialmente. Para se ter uma idéia, no século 21 nós podemos vivenciar não 100 anos de progresso, mas, mais ou menos 20,000 anos. Então, há 100 anos atrás era muito ruim que o avião não pudesse voar mais rápido, e de fato temos um avião mais rápido hoje por causa da segunda guerra onde o governo americano ameaçou quebrar as patentes para acelerar o processo de inovação. Nesse mesmo sentido, para alguém que sofre de doenças crônicas como HIV ou tem uma demência mental por causa de uma condição genética devido à Doença de Huntington , a espera é crucial.

É imperdoável brincar com vidas humanas por causa de uma patente. As barreiras tecnológicas para curar doenças, acabar com a fome e pobreza no mundo, se tornam pequenas ao serem comparadas às barreiras políticas/ socioeconômicas. Nossa tecnologia evolui desde os tempos da idade média dos monarcas e dos clãs de comerciantes oligopolistas, no entanto, nossa sociedade continua algumas centenas de anos atrasada. Podemos estar até correndo um risco de segurança global, pois nossa habilidade de manipular a natureza com novas técnicas como a biologia sintética (sínteses tecnológicas de DNA) aumenta a cada ano, no entanto, segredos e controle de propriedade sobre plataformas de tecnologias chaves somente vão nos tornar mais vulneráveis a hackers biológicos e outros que querem fazer uso de armas biológicas.